Grupo de extrema direita próximo de Marine Le Pen é dissolvido pelo governo francês
O grupo de extrema direita Génération identitaire (Geração identitária) foi dissolvido nessa quarta-feira (3) pelo Conselho de ministros da França. Após anos de polêmicas e manifestações contra muçulmanos e contra imigrantes, a associação próxima da Reunião Nacional, partido dirigido por Marine Le Pen, foi oficialmente considerada uma ameaça para o país.
O decreto de dissolução afirma que Génération identitaire (GI) "incita violência visando indivíduos em razão de sua origem, raça ou religião". Segundo o texto, o grupo se organiza de forma militar e que, por essa razão, pode ser considerado uma "milícia privada".
O Conselho de ministros também alerta para o fato de que os militantes recebem apoio logístico de outros grupos menores, ainda mais radicais, e que defendem teorias racistas e supremacistas. GI chegou a receber doações de Bredon Tarrant, o atirador que matou 51 pessoas ao atacar mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, em 2019.
Criado em 2012, a associação Génération identitaire se apresenta como uma associação de 2.800 membros. Segundo o governo francês, o grupo vê "a imigração e o islã como algo que deve ser combatido". O ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, afirma que GI associa, de forma proposital, muçulmanos, imigrantes, radicais islâmicos e terroristas.
Membros do GI já ocuparam canteiros de obras de mesquitas para impedir a construção de templos, subiram no telhado de repartições públicas para contestar os benefícios dados aos mais pobres, alegando que "o dinheiro deve ser dado aos franceses, e não aos estrangeiros", e agrediram torcedores turcos durante a Eurocopa de 2016 na França.
"Estamos na nossa casa"
O pedido de dissolução havia sido lançado por Darmanin, no final de janeiro, quando o grupo organizou uma ação contra migrantes na região dos Pirineus, no sul da França. O ato irritou o ministro, que acusou GI do crime de "provocação de ódio racial".
Na época, o partido de Marine Le Pen defendeu Génération identitaire, afirmando que a medida de Darmanin tinha cunho político e que representava um "ataque às liberdades fundamentais".
Desde então, o grupo vem protestando e afirma que está sendo perseguido pelo governo. Em meados de fevereiro, mais de 1.500 militantes do Génération identitaire, muitos deles sem máscara de proteção apesar da pandemia de Covid-19, manifestaram nas ruas de Paris contra o pedido de dissolução do grupo, aos gritos de "Estamos na nossa casa!" ou "Querem acabar conosco porque temos uma identidade!".
O porta-voz do GI, Clément Martin, avisou que pretende contestar a dissolução, alegando "abuso de poder" do governo.
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