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Cofundador do Talibã chega a Cabul para estabelecer um novo governo afegão

17.ago.2021 - A chegada do mulá Abdul Ghani Baradar ao Afeganistão, em Kandahar - AFP
17.ago.2021 - A chegada do mulá Abdul Ghani Baradar ao Afeganistão, em Kandahar Imagem: AFP

21/08/2021 07h09

O cofundador e número dois do Talibã, mulá Abdul Ghani Baradar, chegou a Cabul hoje para conversas com outros membros do movimento e políticos para estabelecer um novo governo afegão. "Ele estará em Cabul para se encontrar com oficiais jihadistas e líderes políticos para o estabelecimento de um governo inclusivo", disse um alto funcionário do Talibã.

Outros líderes do Talibã foram vistos na capital nos últimos dias, incluindo Khalil Haqqani, um dos terroristas mais procurados pelos Estados Unidos do mundo, que prometeu uma recompensa de US$ 5 milhões por informações que permitissem sua captura.

Redes sociais pró-Talibã mostraram Haqqani se reunindo com Gulbuddin Hekmatyar, considerado um dos senhores da guerra mais cruéis do país por ter bombardeado Cabul notavelmente durante a guerra civil (1992-96). Hekmatyar, apelidado de "o açougueiro de Cabul", era rival do Talibã antes que este assumisse o poder entre 1996 e 2001.

O mulá Baradar voltou ao Afeganistão na terça-feira (17), dois dias depois que o Talibã assumiu o controle do país, vindo do Catar, onde chefiava o bureau político do movimento.

Ele desembarcou em Kandahar (sul), o epicentro do poder do Talibã entre 1996 e 2001. Foi na província de mesmo nome que o movimento nasceu no início dos anos 1990.

Poucas horas depois de sua chegada em solo afegão, o Talibã divulgou que seu governo seria "diferente" do anterior. Em várias ocasiões, eles repetiram que desejam formar um governo "inclusivo", sem entrar em muitos detalhes.

Escritório político no Catar

Abdul Ghani Baradar, nascido na província de Uruzgan (sul) e criado em Kandahar, é o cofundador do Talibã com o mulá Omar, que morreu em 2013, mas cuja morte ficou escondida por dois anos.

Como aconteceu com muitos afegãos, sua vida foi marcada pela invasão soviética em 1979, que o tornou um mujahid, e acredita-se que ele tenha lutado ao lado do mulá Omar.

Em 2001, após a intervenção americana e a queda do regime do Talibã, ele teria feito parte de um pequeno grupo de insurgentes prontos para um acordo no qual reconheceriam a administração de Cabul. Mas essa iniciativa acabou fracassando.

Ele era o líder militar do Talibã quando foi preso em 2010 em Karachi, Paquistão. Ele foi libertado em 2018, especialmente sob pressão de Washington.

Ouvido e respeitado pelas várias facções do Talibã, ele foi então nomeado chefe de seu escritório político, localizado no Catar.

A partir daí, ele liderou as negociações com os americanos que levaram à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão e, em seguida, às negociações de paz com o governo afegão, que não deram em nada.

(Com informações da AFP)