Hungria: Papa Francisco se reúne com premiê Viktor Orban após críticas ao ultranacionalismo
O papa Francisco chegou hoje a Budapeste para presidir a missa de encerramento de um congresso religioso internacional. O pontífice também teve um encontro previsto com o primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orban, criticado na União Europeia por sua política anti-imigração e contra a comunidade LGBT+.
O avião do papa aterrissou pouco antes das 8h locais (3h em Brasília). Ele se reuniu meia hora com o primeiro-ministro húngaro, no Museu de Belas Artes de Budapeste. No encontro, também estavam presentes o presidente, Janos Ader, e dois responsáveis da Santa Sé.
Há expectativa sobre as questões abordadas: Francisco tem fama de falar sem tabus sobre temas como a integração de imigrantes ou a aceitação da comunidade LGBT+. Orban e o pontífice discordam sobre esses dois temas. O papa voltou a pedir aos governos que acolham refugiados que fogem da miséria, seja qual for sua religião, o que gerou polêmica no país, inclusive entre fiéis católicos.
A imprensa húngara próxima ao primeiro-ministro chegou a chamar Francisco de "imbecil" e destacou que a visita do papa argentino à Hungria será relâmpago, de apenas sete horas, enquanto na vizinha Eslováquia ele prevê passar três dias, para realizar uma verdadeira visita de Estado. O papa viaja à Budapeste atendendo um convite do Congresso Eucarístico Internacional, como João Paulo II, que participou do evento em 1985, em Nairobi, no Quênia.
Críticas ao nacionalismo
Apesar de nunca ter feito alusão a nenhum governo em especial, Jorge Bergoglio já fez críticas "ao nacionalismo" que, segundo ele, quando aborda o tema da Imigração, utiliza "discursos parecidos aos de Hitler em 1934". O papa insiste que ajudar os excluídos é algo "eminentemente cristão".Em abril de 2016, durante uma visita à ilha grega de Lesbos, o papa afirmou que "todos somos migrantes" e convidou a subir a bordo de seu avião três famílias sírias muçulmanas, cujas casas tinham sido bombardeadas.
Nesta época, o dirigente de húngaro ordenou a construção de um muro na fronteira sul de seu país para impedir a chegada de "muçulmanos". A política muito restritiva em matéria de direito de asilo é criticada por Bruxelas, mas Orban afirma que com isso pretende preservar o legado cristão da Europa.
Ajuda internacional
Para evitar polêmicas com a visita, a primeira de um papa ao país desde a de João Paulo II em 1996, os simpatizantes do primeiro-ministro preferiram destacar o programa "Hungary Helps" (Hungria ajuda), que apoia pessoas em dificuldades "a seguir dignamente em seus países de origem", construindo igrejas ou escolas.
A Hungria não é um país rico, mas tem ajudado a reconstruir igrejas e escolas na Síria ou a enviar médicos à Africa, explica o sacerdote Kornél Fábry, secretário geral do 52° Congresso Eucarístico Internacional, que começou há uma semana e que inclui colóquios e missas.
"A maioria dos húngaros diz o mesmo: não devemos trazer os problemas para a Europa, mas ajudar onde eles estão", resume o padre. Na capital húngara, o papa também se reunirá com bispos e com representantes de diferentes confissões cristãs e da comunidade judaica, a mais importante da Europa central, com 100.000 membros.
Papa realiza missa em praça pública
Por último, após um esperado desfile em papamóvel, Francisco realizará uma missa na imensa praça dos Heróis, que deve contar com a presença de Orban. O primeiro-ministro tem origens calvinistas, mas sua esposa é católica.
São esperadas 75.000 pessoas ao evento, que será transmitido em telões. Na cidade, reduto da oposição de Orban, cartazes foram espalhados dando às boas-vindas ao papa e elogiando seus apelos à solidariedade e à tolerância com as minorias.Esta é a 34° viagem internacional de Francisco, de 84 anos, e é realizada dois meses após o papa ter sido operado do intestino.
(Com informações da AFP)
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