Temos que proteger as pessoas delas mesmas, diz cientista que defende vacinação obrigatória
Após quase dois anos de crise sanitária, as ondas epidêmicas se sucedem, impulsionadas principalmente pela população adulta não vacinada, que desenvolve casos graves da doença e lota hospitais. Os imunizantes disponíveis limitam as transmissões e contribuem, de maneira eficaz, ao controle da epidemia. Neste contexto, o debate sobre a vacinação obrigatória, descartado no início das campanhas de imunização, ganha força na Europa.
A Áustria determinou em 19 de novembro a obrigatoriedade da vacina contra a covid-19 a partir de fevereiro. O governo decretou o lockdown em 22 de novembro, para controlar a alta repentina de casos atribuída à baixa taxa de vacinação da população.
Na Alemanha, uma situação similar mergulha o país há semanas na pior onda de contaminações desde o início da epidemia. O novo governo de Olaf Scholz deve aprovar a vacinação obrigatória, também a partir de meados de fevereiro, como a Áustria.
Com a terceira dose e a vacinação das crianças, a possibilidade de desacelerar a transmissão do coronavírus é real, mas a resistência que ainda existe contra os imunizantes pode ser uma aliada do vírus. Esta é a opinião do epidemiologista Julien Riou, da Universidade de Berna, na Suíça.
"Há muitas pessoas que recusam a vacinação com obstinação. É preciso vacinar as crianças. As contraindicações à vacinação são praticamente inexistentes e todo mundo deve aceitá-la", afirma.
A vacinação obrigatória, acredita, seria uma solução para evitar que tenhamos mais anos de ondas epidêmicas de intensidade variável e terreno propício para o aparecimento de novas variáveis, como é o caso da ômicron.
"Como a vacina não é eficaz a 100%, há uma pequena parte dos vacinados que também corre risco por conta do comportamento alheio. Este é o limite da nossa liberdade: quando ela começa a colocar os outros em risco. Essa talvez seja uma das razões a favor da obrigatoriedade da vacina. Temos uma solução, e as pessoas a recusam."
Sem vacina, jovens também se expõem
Ele lembra que hoje, as vítimas fatais da covid-19 são pessoas que recusaram a vacinação. Há também o mito, explica, de que apenas pessoas idosas ou com patologias graves correm mais risco. Hoje já se sabe que, a partir de 30 anos, há poucas garantias sobre como um paciente vai reagir à infecção.
"É preciso proteger as pessoas delas mesmas. Elas colocam sua saúde e a dos outros em perigo", defende o suíço.
Atualmente, a vacinação, eficaz contra a variante delta, previne mortes e saturação nos hospitais. E em relação à ômicron, na pior das hipóteses um imunizante atualizado combaterá com efetividade a variante.
O epidemiologista ressalta que, nos países onde a taxa de imunização é alta, como a Espanha e a França, há bem menos mortos do que nas ondas epidêmicas anteriores. A taxa de vacinação é suficientemente alta, diz para proteger os vulneráveis e os casos fatais, mas é insuficiente para impedir a circulação.
"Isso significa que o covid pode circular, mas se não há mais mortes ou hospitalizações, ou há muito menos, é menos grave. Se vacinamos um número suficiente de pessoas, podemos obter esse resultado, mas controlar a transmissão será mais difícil. Se a transmissão e as ondas epidêmicas vão continuar, mas continuamos a proteger as pessoas menos vulneráveis, é menos grave. Essa é a ideia."
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