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Capixaba desaparecido em Paris após surto durante teste de covid é encontrado

Outro brasileiro ajudou Robson, que já fez contato com a família - Arquivo Pessoal
Outro brasileiro ajudou Robson, que já fez contato com a família Imagem: Arquivo Pessoal

08/02/2022 08h55Atualizada em 08/02/2022 09h11

O brasileiro Robson Amorim de Freitas, que estava desaparecido em Paris, foi encontrado na madrugada de hoje, ao pedir ajuda a outro brasileiro nos arredores da Praça da Bastilha, na capital francesa. Robson falou com familiares no Brasil e foi levado para casa de parentes que moram na região parisiense.

Segundo relatos dos familiares, Robson reconheceu sua imagem em um dos cartazes na região da Praça da Bastilha e pediu ajuda a um brasileiro, Thiago, que trabalhava de madrugada retirando publicidades das ruas.

Imediatamente, Thiago acionou a irmã de Robson, Cynthia, no Brasil, e os dois conversaram por vídeo chamada. Segundo relatos dos familiares, com lapsos de memória, Robson só identificou a irmã após ela responder ter recebido dele um brinco como presente de aniversário.

A tela da conversa foi compartilhada na sequência com outros membros da família. "Quando ele apareceu na tela do celular, ninguém acreditou, todo mundo começou a chorar, eu minha mãe, meu pai, ficamos muito emocionados, muito felizes", contou Pedro Henrique, irmão de Robson, em entrevista à RFI. "Quando ele nos viu, caiu a consciência. Ele ficou mais tranquilo e pediu: 'mãe, compra uma passagem urgente e vem me buscar'."

A família de Robson no Brasil acionou o primo Wemerson Silva Freitas, que mora na região parisiense, para buscá-lo. "Ele estava consciente. É normal que duas semanas andando (nas ruas), sem dormir direito, ele esteja debilitado, não esteja 100%", disse Wemerson à RFI. "Ele disse que ficou andando o tempo todo e só descansava cerca de uma hora ou duas horas no máximo. Ele disse que continuava andando pois ajudava com o frio, pois estava sempre em movimento."

Sem dominar muito bem o francês, Wemerson disse ter contado com a ajuda de portugueses para fazer o contato com a polícia, que o liberou para levar o primo para casa, na região parisiense, perto do aeroporto de Orly.

"Na chegada em casa, ele tomou banho, jantou e foi dormir. Hoje, já levantou cedo, totalmente bem, tomou café (da manhã) e voltou a dormir", contou. "Ele não se queixou de nada. Disse apenas que queria que tudo se resolvesse e que a irmã viesse buscá-lo para voltar aos braços da família."

"Agora a gente vai ficar cuidando dele. A preocupação agora é a saúde dele, para que ele se recupere bem. É indescritível a sensação da energia que o pessoal passa, tem ajudado bastante. Isso vai ser fundamental na recuperação do Robson, que ele se sinta amado por toda a gente", disse Wemerson.

Robson deverá ser analisado ainda hoje por médicos para avaliar seu estado de saúde. Os irmãos Pedro Henrique e Cynthia se preparam para viajar à França. Eles esperam embarcar ainda na noite desta terça-feira para Paris, onde virão encontrar o irmão e levá-lo de volta para o Brasil.

O caso

O drama da família Amorim de Freitas, natural de Ibatiba (ES), chegou ao fim. Eles ficaram cerca de 15 dias sem notícias de Robson, que vivia e estudava na Irlanda desde o final do ano passado. Ele deveria embarcar em um voo em 23 de janeiro no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, de volta para o Brasil.

No entanto, Robson, que faz um tratamento com medicamentos sob orientação médica, teve um surto psicótico enquanto aguardava para fazer o teste de covid-19 no aeroporto. A irmã, Cyntia, ainda tentou convencê-lo, por telefone, a embarcar no voo, mas o estudante estaria alterado e teria interrompido a ligação.

Pedro Henrique, irmão de Robson, afirma que o estudante foi ajudado por policiais no aeroporto e levado para uma clínica psiquiátrica em Paris, deixando seus pertences para trás. "Ele ficou na clínica durante 15 horas, do dia 23 ao 24. Depois de ser medicado, eles viram que ele estava aparentemente bem e ele foi liberado", conta.

A família também contou com a mobilização da comunidade brasileira de Paris. Um mutirão "à procura de Robson" foi organizado no domingo para tentar localizar o estudante e cartazes foram espalhados em vários pontos da capital francesa para alertar sobre o caso.