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França: 48% acreditam que fraude é possível na eleição presidencial

Pelo menos 30% dos partidários de Marine Le Pen e 29% dos apoiadores de Éric Zemmour desconfiam do processo democrático. Entre os defensores de Emmanuel Macron, apenas 7% acreditam em uma hipótese de fraude - 6.abr.2022 - Nicolas Tucat/AFP
Pelo menos 30% dos partidários de Marine Le Pen e 29% dos apoiadores de Éric Zemmour desconfiam do processo democrático. Entre os defensores de Emmanuel Macron, apenas 7% acreditam em uma hipótese de fraude Imagem: 6.abr.2022 - Nicolas Tucat/AFP

19/04/2022 15h28Atualizada em 19/04/2022 16h02

Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (19) na França avalia o nível de desconfiança da população sobre o resultado da eleição presidencial, cujo segundo turno acontece no próximo domingo (24). De acordo com o estudo, 48% das pessoas ouvidas acreditam que o pleito poderia ser alvo de uma fraude, enquanto 14% foram mais assertivos e disseram que o escrutínio vai ser fraudado. Os eleitores da extrema direita são os que mais desconfiam do processo eleitoral.

A pesquisa realizada pelo instituto Ifop para o Fundação Reboot constata que a ideia de que os resultados da eleição presidencial francesa vão ser ou poderiam ser fraudados é cada vez mais presente entre a população da França.

Em um primeiro momento, os entrevistados foram questionados se era possível fraudar os resultados do pleito. 48% disseram que sim, contra 52% de respostas negativas.

Em seguida, o instituto perguntou, de forma mais direta, se os resultados da eleição vão ser alvo de irregularidades. O estudo aponta que 14% das pessoas ouvidas disseram que o escrutínio vai ser fraudado.

Os eleitores da extrema direita são maioria entre os que desconfiam dos resultados do pleito. Pelo menos 30% dos partidários de Marine Le Pen e 29% dos apoiadores de Éric Zemmour desconfiam do processo democrático. Entre os defensores de Emmanuel Macron, apenas 7% acreditam em uma hipótese de fraude.

A pesquisa não especifica qual tipo de irregularidade preocupa os entrevistados. O voto na França é feito principalmente por meio de cédulas de papel e a apuração é realizada manualmente. A urna eletrônica nunca conquistou os eleitores franceses que, de uma maneira geral, desconfiam desse tipo de voto.

Peso da internet

A pesquisa também aponta o peso da internet na maneira como a população consome informações sobre política. Desde 2009, quando foi feito um estudo anterior sobre o mesmo tema, o número de pessoas que buscam informações políticas na rede triplicou na França, representando agora a principal fonte para 31% da população.

A televisão continua sendo o meio de informações políticas preferido para 49% das pessoas ouvidas (contra 49% em 2009). Já o rádio aparece em terceiro lugar, com 14% das respostas (contra 21% em 2009).

O estudo também confirma uma diferença ligada à idade nas respostas sobre o tema. Enquanto os menores de 34 anos privilegiam a internet, aqueles com mais de 65 anos ainda preferem a televisão quando querem se informar sobre política.

O instituto Ifop ressalta que a desconfiança no pleito é maior entre os franceses que se informam principalmente pela internet. Pelo menos 24% daqueles que usam essencialmente a rede como fonte de informação acreditam que pode haver uma fraude na eleição, contra 8% entre aqueles que se informam mais pela mídia impressa.

Passando notícia para frente

Outro dado que emerge da pesquisa é que 42% dos franceses têm o hábito de transferir matérias ou vídeos ligados à atualidade política sem saber se a informação é fiável. Além disso, 30% têm o hábito de reagir ou comentar uma publicação sem ler o conteúdo.

Os entrevistados que se apresentam como sendo de direita ou esquerda radicais aparecem como os que mais adotam esse tipo de comportamento, passando para frente ou comentando informações sem verificar ou sequer ler o conteúdo. Eles são 55% entre os eleitores de Marine Le Pen, 57% entre os apoiadores de Éric Zemmour e 64% entre os partidários da esquerda radical.

Mais de 2.000 pessoas de mais de 18 anos, em uma amostragem representativa da população francesa, foram ouvidas. As entrevistas foram realizadas antes do primeiro turno da eleição presidencial.