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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


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Passagem de soldados da Rússia deixa marcas da guerra no sul da Ucrânia

1º.jun.2022 - Mulher recolhe pertences nos destroços de sua casa depois que um ataque atingiu área residencial na cidade de Sloviansk, no leste da Ucrânia - 1º.jun.2022 - Aris Messinis/AFP
1º.jun.2022 - Mulher recolhe pertences nos destroços de sua casa depois que um ataque atingiu área residencial na cidade de Sloviansk, no leste da Ucrânia Imagem: 1º.jun.2022 - Aris Messinis/AFP

Shevchenko, Sébastien Németh, Jad El Khoury e AFP

07/06/2022 09h26Atualizada em 07/06/2022 09h38

O exército ucraniano obteve algumas vitórias e libertou várias localidades no sul da Ucrânia, incluindo o vilarejo de Shevchenko, visitada pela reportagem da RFI. Os habitantes se sentem aliviados, mas consternados com o rastro de destruição deixado pelos russos. No leste da Ucrânia, os combates continuam acirrados.

Em frente à escola, é visível uma enorme cratera. Um estigma profundo da passagem do exército russo, que bombardeou o vilarejo e ali se estabeleceu temporariamente antes de ser repelido.

Dimitro, um soldado ucraniano relata: "Foi um bombardeio de foguetes Totchka-U. Não sei o que os russos pretendiam. Talvez eles pensassem que estávamos lá, mesmo sendo uma escola. Nós tomamos a aldeia, foi felicidade e amargura ao mesmo tempo. Quando os russos se vão, eles deixam apenas destruição para trás".

Os ucranianos chamam isso de "paz russa", quando o exército russo passa e depois parte, deixando para trás um campo de ruínas.

Ouvindo as notícias em seu antigo rádio, Mykolai Ivanovich balança a cabeça diante da destruição e cai em prantos ao lembrar de sua terra natal finalmente libertada."Nós estamos felizes. A Ucrânia sempre será a Ucrânia. A Ucrânia foi e será. Eu nasci aqui. Meus pais nasceram aqui e foram enterrados aqui. Quando a morte chega, você precisa estar perto de seus pais."

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

"Não sei se a guerra vai acabar"

Mancando com uma perna machucada, Mykolai Sergeievich aponta para um foguete atrás de sua casa. O idoso não sabe se ele já foi detonado e diz que está revoltado com essa arma. Ele manda um recado aos russos: "Vão para casa. Deixem nossa terra. Permaneceremos fortes e não entregaremos a Ucrânia à Rússia. Não sei se a guerra vai acabar, ou se nossos povos poderão ser amigos."

Shevchenko fica a apenas alguns quilômetros da frente de batalha e as bombas continuam caindo na área. Mas o exército ucraniano garante que está preparando um grande contra-ataque para libertar todo o sul do país.

Leste da Ucrânia

Já na parte oriental da Ucrânia, forças nacionais e russas travavam "combates intensos" nesta terça-feira (7) nas ruas de Severodonetsk, uma cidade estratégica na região leste do Donbass.

"Nossos heróis mantêm suas posições em Severodonetsk. Os combates intensos nas ruas continuam", disse o presidente Volodymyr Zelensky na segunda-feira (6) à noite, poucas horas depois de alertar que as unidades russas eram "mais numerosas e mais poderosas".

O prefeito de Severodonetsk, Oleksandr Striuk, declarou que a "situação muda a cada hora", com "os combates urbanos intensos" na cidade, a mais importante que Kiev mantém sob seu controle na região de Lugansk.

Essa cidade industrial é "o coração do objetivo do inimigo", afirmou o Estado-Maior ucraniano no primeiro boletim de terça-feira, que também indica ataques com aviões e helicópteros na região vizinha de Donetsk.

As duas regiões do leste da Ucrânia formam a bacia de mineração do Donbass, controlada parcialmente por separatistas pró-Rússia desde 2014 e objetivo prioritário de Moscou desde que renunciou à conquista de Kiev.

"Os principais esforços do inimigo se concentram em uma tentativa de controlar totalmente Severodonetsk e 'bloquear' as tropas de Kiev na cidade vizinha de Lyssychansk", afirmou o exército ucraniano.

"Nossos soldados mantêm o controle de Severodonetsk, os combates continuam na zona leste", acrescentou o comunicado militar.

Chantagem do trigo

A invasão determinada pelo presidente russo Vladimir Putin em 24 de fevereiro, ao lado das dificuldades persistentes nas cadeias abastecimento provocadas pela Covid-19, provoca o temor de uma escassez global de alimentos.

Os dois países em guerra produziam antes do conflito 30% das exportações mundiais de trigo. Mas o bloqueio russo dos portos do Mar Negro provoca a paralisação de até 25 milhões de toneladas de cereais, advertiu Zelensky.

"No outono (no hemisfério norte, primavera no Brasil), o número pode alcançar 70-75 milhões de toneladas", acrescentou o presidente.

Além do bloqueio, autoridades ucranianas denunciaram que a Rússia está roubando suas reservas de cereais para vendê-las em seu próprio benefício, acusações que a diplomacia dos Estados Unidos considerou "confiáveis".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, acusou Putin de tentar uma "chantagem" contra as potências ocidentais para que concluam as sanções contra Moscou.

"Um bloqueio naval russo no Mar Negro impede que a colheita ucraniana siga para seus destinos normais", disse Blinken. "Tudo isto é deliberado".

Kiev anunciou que discute a criação de corredores marítimos com Turquia e Reino Unido e a exportação de quantidades menores por via terrestre com a Polônia ou os Estados bálticos.

Além disso, Kiev anunciou que suas Forças Armadas provocaram o recuo da frota russa em mais de 100 quilômetros da costa.