Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Governo é acusado de genocídio e autoritarismo na OIT; Itamaraty rebate
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A delegação de trabalhadores brasileiros usou a reunião anual da OIT (Organização Internacional do Trabalho) para acusar o governo de Jair Bolsonaro de cometer um genocídio contra sua população, por conta da resposta à crise sanitária, e de agir de forma autoritária. O discurso levou o governo a pedir direito de resposta.
"O governo brasileiro, que tem uma agenda negacionista e economicamente cruel, que produziu um genocídio na pandemia com quase 670 mil mortos - taxa de mortalidade quatro vezes maior que a média mundial - promove um tensionamento em nossa democracia », disse nesta terça-feira Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros e que, neste ano, chefia a delegação dos trabalhadores do país na conferência da OIT, em Genebra. Ele também é presidente do Sindicato dos Profissionais em Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo.
"O presidente do Brasil estimula a desconfiança do sistema eleitoral, incentiva a desarmonia entre os poderes e atiça seus seguidores a perseguir a imprensa, a oposição e o judiciário", afirmou.
Em sua fala, ele apontou que a pandemia "expôs o colapso do sistema econômico global, especialmente em países em desenvolvimento, como o Brasil".
"A desindustrialização, a queda da renda, o desmonte do Estado, a precarização do trabalho, o enfraquecimento dos sindicatos e as desigualdades produzidas pelo neoliberalismo foram implacáveis com os mais vulneráveis. Governos que prometeram estabilidade, entregaram miséria e uma absurda concentração de renda", disse.
Segundo ele, no Brasil, a questão foi agravada por um governo que "relega a segundo plano valores como democracia, humanismo e tolerância".
A falta de crescimento seria "consequência da hegemonia do neoliberalismo, que se expandiu com a cumplicidade de setores que se diziam progressistas, promovendo a mais brutal desigualdade e abrindo caminho para a ascensão de um governo autoritário".
Neto aponta que quase 70% da força de trabalho está no desalento, no desemprego ou na informalidade. "E apenas cinco pessoas concentram a mesma riqueza que os 100 milhões de brasileiros mais pobres", disse.
"O atual governo deu continuidade e tornou ainda mais graves os ataques contra os trabalhadores, retirando direitos, desmontando a Previdência, perseguindo os sindicatos, enfraquecendo as negociações coletivas, sendo complacente com o trabalho infantil e escravo e escolhendo os servidores públicos como inimigos", alertou.
Diante da fala dos sindicatos, o governo brasileiro solicitou aos organizadores do evento um direito de resposta. Repetindo o que já é um padrão das reações por parte das autoridades, a fala apenas destacou as políticas de Bolsonaro, sem fazer qualquer referência à volta da fome, pobreza e crise social no país. Tampouco foi mencionado o fato de que o Brasil somou um dos maiores números de mortes no mundo pela pandemia.
"Até o momento, mais de 83% da população elegível no Brasil já foi totalmente vacinada", disse a delegação oficial do governo.
"A fim de enfrentar os efeitos devastadores da pandemia no mundo do trabalho, o governo brasileiro promulgou com sucesso programas de retenção de empregos, que garantiram empregos para 11 milhões de trabalhadores, e transferência de dinheiro, que forneceram ajuda imediata para quase 70 milhões de pessoas, concentrando-se nas pessoas mais vulneráveis", disse.
"A desigualdade de renda reduziu-se de volta aos níveis pré-pandêmicos e vem diminuindo desde então. Atualmente, o programa chamado Auxilio Brasil atinge mais de 18 milhões de famílias", apontou.
O governo também insistiu que "o desemprego está agora em seu nível mais baixo desde 2015, ou seja, 10,5%. É a taxa mais baixa em 6 anos".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.