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Alexandre de Moraes reage a denúncias de Marcos do Val e fala de 'tentativa ridícula' de golpe no Brasil

03/02/2023 10h13

O ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior eleitoral Alexandre de Moraes se manifestou pela primeira vez sobre as denúncias feitas pelo senador Marcos do Val sobre a suposta participação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-deputado Daniel Silveira em uma tentativa de golpe contra o resultado das últimas eleições no Brasil. 

Caroline Ribeiro, correspondente da RFI em Lisboa

Alexandre de Moraes reagiu às denúncias durante sua participação, por videoconferência, do evento organizado em Lisboa pelo LIDE, o grupo empresarial do ex-governador de São Paulo João Dória.

O ministro confirmou que o senador Marcos do Val pediu uma audiência para falar sobre o assunto. "Eu o recebi no salão branco. O que ele me disse foi que o deputado Daniel Silveira o teria procurado, e ele teria participado de uma reunião com o ex-presidente da República, e a ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador para que ele, que não tem nenhuma intimidade comigo, pudesse me gravar e, a partir dessa gravação, pudesse solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos", disse Moraes.

O ministro ainda afirmou que conversou "apenas três vezes na vida com esse senador", em referência ao fato de Marcos do Val ter dito que tem uma "relação profissional" com Alexandre de Moraes.

O ministro disse que, após ser informado pelo senador, perguntou se ele formalizaria o depoimento "no papel". "O senador me disse que era uma questão de inteligência e que não poderia confirmar. Eu levantei, agradeci a presença, porque o que não é oficial, para mim, não existe".

"Foi essa tentativa de uma operação tabajara que mostra o quão ridículo chegamos a uma tentativa de golpe no Brasil. Tudo isso está sendo investigado", disse Alexandre de Moraes.

Regulação de redes sociais

Em sua intervenção durante o evento organizado pelo LIDE, o ministro também reforçou que é preciso que haja uma articulação internacional urgente para criação de "mecanismos para lidar com agressões externas às democracias", citando as redes sociais como responsáveis pela "lavagem cerebral que transformou pessoas em zumbis".

"As redes sociais não podem ser mais nem menos controladas do que outras empresas de mídia. Há necessidade de uma legislação internacional, por meio de acordos, do mesmo jeito que se combate o tráfico internacional de drogas, há necessidade de combate desse tráfico de ideias contra as democracias", disse Moraes.

Antes, o ministro Gilmar Mendes, que participou presencialmente do evento, falou que o Brasil "estava sendo governado por uma gente do porão".

Questionado sobre a possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro ser chamado para depoimento no âmbito da investigação sobre os ataques de 8 de janeiro em Brasília e, agora, das denúncias feitas por Marcos do Val, Gilmar Mendes disse que é preciso esperar. "Vamos aguardar esses desdobramentos e essas comunicações, eventuais quebras de sigilo, para saber qual é o grau de envolvimento (de Bolsonaro). Em suma, todos esses elementos mostram que havia algo em andamento que não era para o bem da democracia", afirmou o ministro.

O ministro Ricardo Lewandowski também participou presencialmente. Já o ministro Luís Roberto Barros interviu por videoconferência, direto do Rio de Janeiro. Os dois membros do STF também condenaram os ataques de 8 de janeiro e disseram que a democracia brasileira resistiu.