Escócia: independentista Humza Yousaf será 1° premiê muçulmano de uma nação britânica
O Partido Nacional Escocês (SNP) escolheu hoje Humza Yousaf para suceder Nicola Sturgeon e se tornar o novo primeiro-ministro do país. A principal promessa do novo líder é conduzir a Escócia em direção à independência.
Aos 37 anos, Yousaf, próximo da ex-premiê, herda a missão de suceder a líder que conduziu com carisma e determinação a causa independentista. Sturgeon, de 52 anos, deixou o cargo em fevereiro explicando não ter mais disposição para ocupá-lo, após oito anos de governo.
O futuro primeiro-ministro também terá de relançar um movimento que perde fôlego, devido à recusa de Londres em autorizar a realização de um novo referendo sobre a separação da Escócia do Reino Unido.
Filho de imigrantes paquistaneses, Yousaf foi escolhido em uma votação interna do SNP, majoritário no governo regional, por 52,1% dos votos.
Ele deverá ser formalmente designado primeiro-ministro amanhã pelo Parlamento local, em Edimburgo, e se tornará o primeiro muçulmano a dirigir um importante partido no Reino Unido e uma das nações que constituem o país.
"Nós seremos a geração que obterá a independência da Escócia", prometeu Yousaf após o anúncio do resultado. Ex-ministro da Saúde, ele afirmou que o povo escocês precisa de independência "mais do que nunca".
Apesar de fazer parte do Reino Unido, o governo regional da Escócia - país com 5,5 milhões de habitantes - é responsável por assuntos-chave como educação, saúde e justiça. A designação do novo líder influenciará o futuro da ilha, onde as divisões com o governo central se viram exacerbadas pela saída britânica da União Europeia, em 2021.
Em Londres, o executivo declarou que os escoceses querem representantes que se concentrem em problemas importantes, como a redução da inflação, a crise do custo de vida e o acesso à saúde pública. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse que "deseja trabalhar" com Yousaf sobre esses temas.
Já o chefe da oposição trabalhista, Keir Starmer, felicitou o futuro premiê, mas afirmou que apenas sua legenda, o Partido Trabalhista, pode proporcionar a mudança que a Escócia precisa.
Brexit deu força à causa independentista
Durante os 8 anos em que ficou no poder, Sturgeon defendeu com firmeza o projeto independentista, no centro do programa do SNP. Porém, nos últimos tempos, o projeto vinha perdendo força.
Segundo uma pesquisa da YouGov, publicada no último 13 de março, 46% dos escoceses são a favor da independência, contra 50% no mês passado. Incluindo os indecisos, a proporção cai para 39%.
A causa independentista se intensificou com o Brexit, que contou com a oposição de 62% dos escoceses. O SNP defendia a ruptura com Londres como uma forma de voltar à União Europeia.
Durante sua campanha eleitoral, Youssef afirmou que o partido passou tempo demais criticando as falhas do governo central britânico e não fez o suficiente para criar a visão de uma Escócia independente.
Sturgeon anunciou sua renúncia em 15 de fevereiro surpreendendo o país. A ex-líder explicou que não tinha mais a energia necessária, após o desgaste de dois mandatos consecutivos.
Sua popularidade começou a cair em virtude de uma controversa lei escocesa que facilitava a transição de gênero sem aconselhamento médico, a partir dos 16 anos. A nova legislação lhe custou duras críticas de setores feministas, de quem sempre foi próxima.
A Suprema Corte britânica também decidiu no ano passado que o governo escocês não poderia realizar um novo referendo sobre a independência sem o consentimento de Londres, que se opõe ferozmente à consulta. No entanto, Sturgeon afirmou ter "plena confiança" de que seu sucessor conseguirá levar a Escócia à independência.
Vítima de racismo
Nascido em Glasgow, Yousaf fez seu juramento de cargo em inglês e em urdu ao ser eleito deputado do parlamento escocês em 2011 em homenagem aos seus avós paternos, que imigraram do Paquistão há 60 anos.
"Não imaginavam nem em seus sonhos mais loucos que seu neto se tornaria um dia o próximo primeiro-ministro da Escócia", afirmou esse político que explicou ter sido vítima de racismo, especialmente após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
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