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França tem 1ª noite calma após semana de protestos violentos; 72 foram presos

02.jul.23 - Um bombeiro francês trabalha para apagar uma motocicleta em chamas durante o quinto dia de protestos após a morte de Nahel, um adolescente de 17 anos morto por um policial francês em Nanterre durante uma parada de trânsito, em Paris - JUAN MEDINA/REUTERS
02.jul.23 - Um bombeiro francês trabalha para apagar uma motocicleta em chamas durante o quinto dia de protestos após a morte de Nahel, um adolescente de 17 anos morto por um policial francês em Nanterre durante uma parada de trânsito, em Paris Imagem: JUAN MEDINA/REUTERS

04/07/2023 06h50Atualizada em 04/07/2023 07h45

Após seis dias de protestos violentos pela morte de um jovem durante um controle policial, a França teve uma primeira noite de relativa calma, confirmando a diminuição da violência em todo o país, com 72 detenções em todo o território, conforme o balanço divulgado nesta terça-feira (4).

Ao todo, 72 pessoas foram detidas na última noite, 24 em Paris e seus subúrbios, um número menor do que as várias centenas no auge dos tumultos.

Mesmo assim, 24 prédios foram queimados ou degradados em toda a França, segundo as autoridades, que também identificaram 159 veículos queimados e dezenas de incêndios em lixeiras.

O efetivo de 45.000 policiais foi mantido pela terceira noite consecutiva, para tentar conter os tumultos. Apesar do reforço, quatro ataques a instalações da polícia foram registrados, de acordo com o Ministério do Interior, mas nenhum agente ficou ferido.

Acompanhado do ministro do Interior, Gérald Darmanin, o presidente Emmanuel Macron esteve no quartel da polícia de Bessières, no 17.º distrito de Paris, para dar apoio à tropa. O Chefe de Estado agradeceu à polícia, gendarmes e bombeiros por sua "mobilização excecional nas últimas noites".

Durante o encontro com os agentes, Macron teria afirmado, de acordo com o jornal francês Le Parisien, que era necessário sancionar financeiramente as famílias de menores infratores. Nesta terça-feira, Macron recebe os prefeitos de cerca de 220 municípios que sofreram danos significativos após uma semana de protestos violentos

Ao se encontrar com os prefeitos, o Presidente Macron quer "iniciar um trabalho meticuloso e de longo prazo para compreender em profundidade as razões que levaram a estes eventos", de acordo com sua equipe.

"Ódio" à polícia

O sociólogo francês Olivier Galland, pesquisador do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica), explica que assim como aconteceu em 2005 na França, os manifestantes demonstram um "ódio" à polícia com uma violência agora "banalizada" e o sentimento reforçado de rejeição, em particular dos jovens de origem estrangeira e muçulmanos.

A violência eclodiu no país em 27 de junho, após a morte de Nahel, de 17 anos cuja família é da Argélia, norte da África. Ele foi baleado à queima-roupa por um policial em Nanterre, nos arredores de Paris.

Desde sexta-feira, pelo menos 3.915 pessoas (incluindo 1.244 menores) foram detidas para averiguações, segundo dados do ministério da Justiça.

Nos quatro cantos da França, comerciantes começaram a fazer um balanço dessas noites de tumultos, cujos prejuízos foram estimados, na segunda-feira, em 1 bilhão de euros pelo Medef, a principal organização patronal do país.

O policial e autor do tiro que matou Nahel foi autuado por homicídio doloso. Ele segue em prisão preventiva. O terceiro ocupante do carro dirigido pelo jovem se apresentou à polícia e foi ouvido no âmbito da investigação.

Perdão de dívidas

O governo francês anunciou nesta terça-feira que está aberto a "cancelamentos" de contribuições sociais e fiscais "caso a caso" para empresas vandalizadas durante os motins que se seguiram à morte do jovem Nahel.

O anúncio foi feito pelo ministro da Economia, Bruno Le Maire. "Quando o seu negócio foi totalmente incendiado, é o trabalho de uma vida que fica reduzido a cinzas. O Estado tem de estar do seu lado e pode haver anulações de encargos sociais ou fiscais para os comerciantes mais afetados", disse Le Maire.