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Exército israelense cerca Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, e diz ter eliminado maioria dos chefes do Hamas

O exército israelense cercou, nesta quarta-feira (6), a cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, onde ocorrem intensos combates desde o início da guerra com o Hamas, em 7 de outubro.

Milhares de civis continuam fugindo para o sul do território, acuados em uma área cada vez menor, perto da fronteira com o Egito, que está fechada. O exército israelense estendeu a operação terrestre em toda a Faixa de Gaza nesta segunda-feira (4).

"Neutralizamos muitos redutos do Hamas no norte da Faixa de Gaza e agora estamos realizando operações contra seus redutos no Sul", disse o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), Herzi Halevi, em um comunicado. "Estamos encontrando armas e terroristas em quase todos os prédios e casas", afirma.

Segundo fontes do Hamas e da Jihad Islâmica, seus combatentes estão enfrentando as tropas israelenses na tentativa de impedi-las de entrar em áreas no leste de Khan Younis e em campos de refugiados situados nos arredores.

De acordo com a assessoria de imprensa do governo do Hamas, os disparos de artilharia deixaram "dezenas de mortos e feridos" durante a noite de terça-feira (5) em vários vilarejos no leste de Khan Younis. O exército israelense também atacou diversas outras áreas da Faixa de Gaza.

O Ministério da Saúde do Hamas informou que outros ataques aéreos israelenses no campo de Nusseirat, no centro do território, mataram seis pessoas e feriram 14. Ataques ao campo de Jabalia também deixaram vítimas e o diretor de uma clínica em Khan Younis, Ramez al-Najjar, foi morto em um bombardeio israelense à sua casa.

Comandantes eliminados

Em seu canal no Telegram, o exército israelense também afirmou ter matado "a maioria dos comandantes sêniores" das brigadas do Hamas que operam a partir de uma rede de túneis no norte da Faixa de Gaza. As forças de Israel divulgaram uma foto que mostra personalidades do movimento palestino que foram "eliminadas".

Desde a retomada dos combates em 1º de dezembro, após o término de uma trégua de sete dias, centenas de milhares de civis fugiram na tentativa de escapar das bombas e dos combates que se espalharam para o sul.

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"Nenhum lugar é seguro em Gaza, incluindo hospitais, abrigos e campos de refugiados. Ninguém está seguro. Nem as crianças, os profissionais de saúde ou membros das ONGs. Os Direitos Humanos vêm sendo desrespeitados e isso deve parar", disse o coordenador de ajuda de emergência da ONU, Martin Griffiths, citado em um comunicado.

De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), a distribuição de ajuda humanitária é agora "quase impossível" na Faixa de Gaza e a retomada dos combates "só intensificará a crise alimentar que já ameaça a população civil".

Corte da ajuda

Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Rafah é agora o único lugar no território onde a ajuda humanitária continua sendo distribuída, mas em quantidades limitadas. A ajuda dificilmente está chegando a Khan Younis, e o acesso a áreas mais ao norte foi cortado desde a retomada dos combates.

O exército israelense lança panfletos em Khan Younis todos os dias alertando sobre bombardeios iminentes, ordenando que os moradores deixem seus bairros. Mas a ONU, que calculou que 28% do território na Faixa de Gaza está sob ordem de retirada, considera "impossível" criar áreas seguras para acomodar civis, como pede Israel.

Na terça-feira, novas cenas de caos se repetiram no Hospital Nasser, em Khan Younis, o maior do sul da Faixa de Gaza, onde os pacientes estão sendo tratados no chão. Feridos às vezes são transportados, deitados em carretas simples ou carregadas por seus parentes, de acordo com imagens da AFP.

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Segundo a ONU, 1,9 milhão de pessoas, ou cerca de 85% da população, foram deslocadas pela guerra na Faixa de Gaza, onde mais da metade das casas foram destruídas ou danificadas.

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, 16.248 pessoas, mais de 70% delas mulheres, crianças e adolescentes, foram mortas na Faixa de Gaza desde o início dos bombardeios, em 7 de outubro. Em Israel, um ataque do Hamas a partir de Gaza matou 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades.

Em retaliação, Israel declarou guerra ao Hamas e prometeu destruir o movimento islâmico que governa a Faixa de Gaza desde 2007, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel.

Segundo o governo israelense, 138 reféns sequestrados em Israel em 7 de outubro continuam detidos em Gaza, após a libertação durante a trégua de 105 reféns, incluindo 80 em troca de 240 prisioneiros palestinos mantidos por Israel.

Dois mortos no Líbano

Um total de 82 soldados israelenses foram mortos em Gaza desde o início da guerra, de acordo com o exército. A guerra em Gaza também gera tensões na fronteira entre Israel e o Líbano, onde há troca diária de tiros entre o exército israelense e o movimento xiita libanês Hezbollah, aliado do Hamas.

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Na terça-feira, duas pessoas, incluindo um soldado, foram mortas em ataques israelenses no sul do Líbano, de acordo com o Exército e a agência de notícias oficial. Os militares israelenses alegaram ter como alvo uma estrutura do Hezbollah.

No norte da Cisjordânia ocupada, dois palestinos de 16 e 18 anos foram mortos e outros três ficaram feridos na madrugada desta quarta-feira por disparos do exército israelense no campo de Faraa, segundo a agência de notícias palestina Wafa, citando fontes do Crescente Vermelho.

Desde 7 de outubro, pelo menos 257 palestinos foram mortos na Cisjordânia pelo exército israelense ou colonos, segundo a Autoridade Palestina.

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