Conteúdo publicado há 11 meses

Entre Israel e Palestina, 'não há mais processo de paz, só a solução de dois Estados', diz chefe da diplomacia da UE

Israel não pode construir a paz "apenas por meios militares", disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, nesta segunda-feira (22). Ele insistiu em "uma solução de dois Estados" antes do encontro com o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, e o da Autoridade Palestina, Riyad al-Maliki.

A reunião dos 27 ministros europeus entre Katz al-Maliki acontecerá separadamente e nenhuma discussão entre os dois está prevista. Para os europeus, mesmo sem decisões concretas, a simples presença dos dois representantes no mesmo dia em Bruxelas já "simboliza muito". O objetivo é convencê-los a discutir uma solução pacífica em Gaza e na Cisjordânia.

"O que queremos é construir uma solução de dois Estados. Vamos falar sobre isso", disse Borrell. "Quais são as outras soluções?", perguntou. "Expulsar todos os palestinos? Matá-los?", acrescentou o chefe da diplomacia europeia, que disse ter apresentado aos 27 ministros "uma abordagem global" para obter uma paz duradoura.

O representante europeu defendeu a organização, "o mais rápido possível", de uma conferência de paz "preparatória" entre os europeus e vários países árabes, incluindo Arábia Saudita, Egito e Jordânia. Os Estados Unidos serão convidados para a reunião.

Uma solução de dois Estados, com palestinos e israelenses vivendo lado a lado, é a "única solução", reiteraram vários ministros europeus."Quem recusa essa solução até agora não ofereceu nenhuma alternativa", disse Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores da Alemanha.

Neste contexto, a recusa de Israel em aceitar tal solução é "preocupante", disse o ministro francês das Relações Exteriores, Stéphane Séjourné, que participa de sua primeira reunião ministerial em Bruxelas desde que foi nomeado ao cargo, há uma semana. Isso é "inaceitável", disse o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Micheal Martin.

"Não acho que devemos ter expectativas muito altas" para o dia, disse um diplomata, referindo-se a "um balé complexo". "A ideia é ter uma discussão aprofundada com todos os participantes, trocar opiniões e tentar entender em que ponto estamos." O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmou recentemente sua oposição à "soberania palestina".

Os ministros europeus também devem se encontrar com os representantes egípcio Sameh Shoukry, o saudita Faisal bin Farhane e o jordaniano Ayman Safadi, além do secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, durante um almoço de trabalho. Esses países e a Liga Árabe podem desempenhar um papel econômico e político essencial após a guerra.

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Vítimas civis

Os países da UE também estão preocupados com o número de vítimas civis desde o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro e pediram várias tréguas humanitárias. Mas, até agora, não conseguiram chegar a um acordo sobre um pedido de cessar-fogo, que tem a oposição de países como a Alemanha, que defendem o direito de Israel de se defender.

Os ministros da UE também deverão discutir a implementação de uma missão da UE no Mar Vermelho para proteger a frota comercial dos ataques dos rebeldes houthis do Iêmen.

As negociações progrediram, de acordo com vários diplomatas, e um acordo pode ser alcançado em uma próxima reunião de ministros das Relações Exteriores da UE, em 19 de fevereiro. A missão deve envolver três navios de guerra europeus. A Itália, a França e a Bélgica se disponibilizaram a participar.

O acordo autorizará a destruição de mísseis, foguetes ou drones lançados por rebeldes houthis contra navios mercantes, mas não será permitido derrubar alvos terrestres no Iêmen. Os EUA e o Reino Unido realizaram vários ataques contra rebeldes iemenitas, que dizem ter como alvo navios ligados aos interesses israelenses em solidariedade aos palestinos em Gaza.

Hamas admite "erros"

O Hamas palestino admitiu, neste domingo (21), pela primeira vez, ter cometido "erros" que causaram mortes de civis durante seu ataque a Israel em 7 de outubro, que provocou a guerra na Faixa de Gaza. Em um documento de quase 20 páginas, o grupo disse que a operação "dilúvio de al-Aqsa" foi um "passo necessário" e uma "resposta normal" à ocupação israelense.

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"Talvez tenham ocorrido erros" em meio ao "caos" na fronteira entre Israel e Gaza, reconhece o movimento. O Hamas nega, entretanto, ter visado civis, exceto "por acidente e durante confrontos com as forças de ocupação".

O ataque a postos militares, cidades e participantes de um festival de música resultou na morte de mais de 1.140 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. Vários vídeos divulgados após a operação mostram homens armados matando indiscriminadamente.

Cerca de 250 pessoas também foram sequestradas e levadas para Gaza, incluindo cerca de 100 libertadas no final de novembro como parte de uma troca de prisioneiros palestinos. De acordo com Israel, 132 reféns continuam detidos no território e acredita-se que 28 tenham morrido.

O ataque levou a uma ofensiva aérea e terrestre israelense no pequeno território, que matou 25.295 pessoas, a grande maioria mulheres, crianças e adolescentes, de acordo com o último balanço divulgado nesta segunda-feira (22) Ministério da Saúde do Hamas.

Em seu documento, o grupo, classificado como terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, exige "o fim imediato da agressão israelense". Israel, que visa "destruir" o movimento islâmico em Gaza, recusa o fim dos combates sem a libertação dos reféns.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou "categoricamente" as "condições" do Hamas , que, segundo ele, exigem "o fim da guerra, a retirada de nossas forças de Gaza" e "a libertação de todos os assassinos e estupradores".

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O Hamas também afirma que o "povo palestino" pode "decidir o futuro" do território e rejeita "projetos internacionais ou israelenses". No sábado, Netanyahu negou a futura "soberania" palestina sobre a faixa costeira, onde o Hamas tomou o poder em 2007.

Reféns presos em túnel

Em Khan Younis, os combates continuam e exército israelense anunciou no sábado que "eliminou terroristas" e descobriu um túnel onde "cerca de 20 reféns" foram trancados com "pouco oxigênio e muita umidade".

Os militares encontraram desenhos feitos por uma criança de cinco anos em cativeiro. O Exército também está realizando operações em torno da cidade de Jabaliya, no norte do país, de acordo com testemunhas.

Em um território parcialmente devastado pelos combates, a população passa fome, enfrenta epidemias e a ONU alerta que pelo menos 1,7 milhão dos cerca de 2,4 milhões de habitantes foram deslocados.

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, "não houve progresso" no aumento das entregas de ajuda humanitária ao território sitiado. O Cogat, órgão do Ministério da Defesa israelense que coordena as "atividades civis" do Exército nos territórios ocupados, disse que 260 caminhões carregados com ajuda entraram em Gaza no domingo, "o maior número (de veículos) desde o início da guerra".

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Ataques na Cisjordânia

A Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, também vive uma nova onda de violência. O exército israelense realizou operações no local nos últimos dias, destruindo as casas de dois combatentes palestinos em Hebron.

Segundo a Autoridade Palestina, desde 7 de outubro pelo menos 364 palestinos foram mortos por soldados ou colonos israelenses na Cisjordânia.

A guerra está exacerbando as tensões entre Israel e os aliados do Hamas dentro do "eixo de resistência" com o Irã, incluindo o Hezbollah do Líbano e os rebeldes houthis do Iêmen.

Na fronteira entre Israel e o Líbano, onde as trocas de tiros são diárias, um ataque atribuído a Israel matou um combatente do Hezbollah, de acordo com uma fonte próxima ao movimento libanês. O exército israelense confirmou que realizou vários ataques na área.

A violência matou mais de 195 pessoas no Líbano, incluindo pelo menos 144 combatentes do Hezbollah.

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