Biden testa positivo para Covid-19 e cancela comício em Las Vegas
Após um atraso de uma hora e meia, na noite desta quarta-feira (17), os jornalistas que esperavam para cobrir o comício do presidente americano, Joe Biden, em Las Vegas foram informados de que o evento havia sido cancelado. A decisão foi tomada porque o chefe de Estado e pré-candidato do Partido Democrata testou positivo para a Covid-19.
Luciana Rosa correspondente da RFI em Nova York
Não apenas o público e a imprensa ficaram decepcionados, mas também a própria equipe de Biden. A campanha do presidente americano planejava aproveitar o evento para mobilizar o apoio dos cidadãos latinos. Eles são atualmente o segundo maior eleitorado do país, e o voto deles é fundamental, principalmente em um estado decisivo como o Nevada.
De acordo com o médico do presidente, Biden apresentava sintomas leves e já recebeu a primeira dose do antiviral Paxlovid, medicamento utilizado no tratamento dos sintomas de Covid -19. Antes de deixar Las Vegas, o líder democrata disse aos repórteres: "Eu me sinto bem". Subindo as escadas do Air Force One com dificuldades, o presidente americano fez sinal de positivo com a mão e decolou em direção a Delaware, onde cumprirá quarentena em sua residência.
Aos 81 anos, Biden está totalmente imunizado e tomou todas as doses de reforço da vacina. Ainda que os sintomas físicos estejam controlados, o adoecimento do presidente deve comprometer sua capacidade de responder às críticas por parte de seus adversários e aliados. Antes de testar positivo para a Covid-19, em uma entrevista concedida ao canal BET News, Biden admitiu pela primeira vez que, caso um laudo médico aponte uma condição que o inabilite a concorrer, ele poderia desistir da candidatura à reeleição.
Segundo assessores da Casa Branca, o presidente permanecerá isolado até testar negativo, estar novamente habilitado para seguir as agendas de campanha e retomar a administração do país. Mesmo em quarentena, o líder democrata deve seguir cumprindo algumas de suas obrigações de chefe de Estado.
Novos pedidos de desistência
O adoecimento do presidente ocorre em um momento complicado de sua campanha, em que Biden acumula gafes em aparições públicas e leva parte do eleitorado e mesmo parlamentares de seu partido a duvidar de sua capacidade física e mental para seguir adiante na corrida eleitoral. Ao mesmo tempo, o ex-presidente Donald Trump triunfa na convenção do Partido Republicano, após ter escapado de uma tentativa de assassinato no último fim de semana.
Na quarta-feira, mais um deputado democrata pediu que o presidente americano desista de sua candidatura. Candidato a senador na Califórnia, Adam Schiff, próximo a Nancy Pelosi - ex-presidente da Câmara de Representantes - afirmou em comunicado que acredita "que chegou o momento de Biden passar o bastão". Segundo o parlamentar, essa é uma forma de "assegurar seu legado e sua liderança" para permitir que Trump seja derrotado em novembro.
De acordo com a imprensa americana, o atual chefe da maioria democrata, o poderoso Chuck Schumer, também teria dito diretamente a Biden que seria melhor que se retirasse. Sua equipe trata a informação como "especulação", sem desmenti-la formalmente.
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