Charles III visita cidade onde meninas foram assassinadas na Inglaterra

O rei Charles III do Reino Unido visitou Southport na terça-feira (20) para demonstrar apoio à cidade abalada pelo assassinato de três meninas no final de julho em um ataque com faca, que levou a vários dias de violentos protestos liderados pela extrema direita na Inglaterra.

Charles III chegou no início da tarde à cidade no norte da Inglaterra. Na agenda do monarca estava um encontro com as crianças que sobreviveram ao ataque, que aconteceu em 29 de julho, durante uma aula de dança. O rei também deverá se reunir com as famílias das três meninas mortas.

As crianças de 6, 7 e 9 anos foram assassinadas no ataque, outras oito ficaram feridas, além de dois adultos que tentaram protegê-las. Todos já tiveram alta do hospital. O suspeito, que tinha 17 anos na época do incidente, mas agora é maior de idade, foi preso no local.

O rei está em Southport "para expressar seu apoio às pessoas afetadas pelo ataque de 29 de julho e pelos violentos protestos que se seguiram na cidade", afirmou o Palácio de Buckingham em uma declaração. Esta visita é também uma oportunidade para Charles III "agradecer aos profissionais dos serviços de emergência pelo seu trabalho no atendimento à população local".

Ao chegar, o rei parou diante das flores e bichos de pelúcia deixados em frente à prefeitura em memória das vítimas. Ele cumprimentou o público que compareceu em grande número, com muitas crianças.

Distúrbios

Durante esta visita, Charles III, atualmente de férias no Castelo de Balmoral, na Escócia, também deverá falar com representantes dos serviços de emergência, polícia, bombeiros e grupos comunitários locais, incluindo religiosos.

No dia seguinte ao assassinato das meninas, Southport foi tomada por confrontos violentos entre manifestantes e a polícia, especialmente perto da mesquita local, que foi alvo de ataques.

Na semana seguinte, várias cidades da Inglaterra e da Irlanda do Norte foram palco de protestos racistas e islamofóbicos, alimentados por influenciadores de extrema-direita e por rumores online sobre o suspeito, inicialmente apresentado como um requerente de asilo muçulmano que chegou de barco.

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Na verdade, trata-se de um adolescente, Axel Rudakubana, nascido em Cardiff, no País de Gales, numa família, segundo relatos da mídia, de Ruanda, um país predominantemente cristão.

Suas motivações são desconhecidas, mas a pista terrorista foi descartada.

Silêncio do rei

O rei e sua esposa Camilla publicaram rapidamente uma mensagem de condolências às famílias das vítimas após o ataque.

Mas Charles III permaneceu em silêncio durante os distúrbios violentos que tomaram conta da Inglaterra, tendo como alvo mesquitas ou hotéis que abrigavam migrantes. Empresas e serviços públicos também foram alvo de depredações. Desde então, cerca de 500 pessoas foram acusadas de violência ou incitação ao ódio online, o que levou a mais de 120 condenações, a maioria com penas de prisão.

Assim que a calma voltou, após entrevistas com policiais em 9 de agosto, o rei finalmente agradeceu à polícia e fez um apelo à unidade.

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 "O rei indicou que ficou muito encorajado pelos muitos exemplos do espírito de solidariedade", disse o Palácio de Buckingham na época.

O silêncio do rei, que costuma celebrar o multiculturalismo do Reino Unido, foi comparado à neutralidade com a qual sua mãe, Elisabeth II, tratava estes temas, a ponto de ser várias vezes criticada por falta de empatia. Em 2011, por exemplo, ela se manteve à distância dos violentos distúrbios que se seguiram à morte de um jovem mestiço, Mark Duggan, pela polícia, no norte de Londres.

(Com informações da AFP)

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