Eleitoras americanas reagem a declarações sexistas de Trump: "não acredito que ele se importe com os direitos das mulheres"

A misógina promessa do candidato republicano, Donald Trump, de se tornar o protetor das mulheres, "quer elas queiram ou não", segundo afirmações que fez na quarta-feira (30), tem forte repercussão entre eleitorado feminino, a apenas quatro dias das eleições americanas. Em Massachusetts, jovens expressaram sua revolta ao posicionamento do magnata.

Daniella Franco, enviada especial da RFI a Boston

Nesta quinta-feira (31), em comício em Phoenix, no Arizona, a candidata democrata Kamala Harris aproveitou a derrapada de Trump para acusar o republicano de "não respeitar a liberdade e a inteligência das mulheres". A vice-presidente também voltou a convocar o eleitorado a proteger os direitos reprodutivos femininos.

"Nós confiamos nas mulheres", afirmou Harris, para quem as afirmações de Trump foram "muito ofensivas". A líder democrata ainda declarou que o magnata "proibirá o aborto em todo o país, restringirá o acesso ao controle de natalidade, colocará em risco os tratamentos de fertilização in vitro e forçará os Estados a monitorar a gravidez das mulheres".

Proteção dos direitos das mulheres

Em Boston, o novo capítulo do vale-tudo entre Trump e Harris suscita indignação entre o eleitorado progressista. Para Carra, de 30 anos, o discurso feminista de Kamala foi primordial a escolha da candidata.

"Obviamente que, sendo mulher, eu sinto que é muito importante proteger os meus direitos. Não acredito que Donald Trump se importe com os direitos das mulheres", diz.

Yvonne, de 23 anos, vive em Boston, mas vota por seu Estado natal da Pensilvânia. A jovem também ouviu os apelos de Kamala, levando-a a antecipar seu voto, como permite o sistema eleitoral americano.

"Ela apoia os direitos reprodutivos das mulheres e isso definitivamente trará mais estabilidade ao nosso país, o que provavelmente não acontecerá se o outro candidato vencer", avalia, referindo-se a Trump.

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Uma pesquisa do instituto Survey Monkey para a NBC News, divulgada na semana passada, mostrou que entre as eleitoras mulheres abaixo dos 30 anos, Kamala tem uma vantagem de 33 pontos sobre Trump. A promessa da vice-presidente de proteger os direitos reprodutivos tem um papel fundamental para 48% das jovens eleitoras ouvidas pelo levantamento.

Vice de Trump acusa democratas de "celebrar" aborto

Convidado do podcast The Joe Rogan's Experience, o candidato a vice-presidente JD Vance foi questionado nesta quinta-feira (31) sobre seu posicionamento sobre o direito ao aborto. O apresentador quis saber o que o republicano julgava errado no decreto Roe vs. Wade. Até 2022, a medida permitia que as mulheres americanas interrompessem gestações indesejadas, mas foi revogado pela Suprema Corte dos Estados Unidos.

Visivelmente desconcertado pela pergunta, Vance sugeriu que os democratas estavam indo "longe demais" na defesa dos direitos reprodutivos. Essa atitude, segundo o conservador, parece "uma tentativa de celebrar o aborto".

"Acho que muitas poucas pessoas estão comemorando", rebateu Rogan. A observação obrigou o vice de Trump contornar a saia justa, justificando que posts nas redes sociais "haviam criado essa impressão".

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