Eleições nos EUA: esquema de segurança inédito é colocado em prática por temor de distúrbios
Um esquema de segurança sem precedentes foi organizado para o dia das eleições presidenciais americanas, nesta terça-feira (5). Alguns Estados mobilizaram suas guardas nacionais e mais de 100 ex-membros do governo e militares veteranos fazem um apelo pelo respeito ao voto e uma transferência pacífica de poder. Especialistas e mídias americanas preveem que o candidato republicano, Donald Trump, não aceitará os resultados em caso de uma derrota.
Temendo distúrbios, vários estados, entre eles, Washington e Nevada, convocaram militares para garantir a segurança durante a votação. Medidas excepcionais também foram anunciadas em Oregon, onde centenas de boletins de voto foram destruídos, após incêndios criminosos em urnas eleitorais.
No domingo (3), as autoridades americanas instalaram barreiras de proteção em torno da Casa Branca, do Capitólio e da residência da candidata democrata, Kamala Harris. A imprensa americana destaca operações sem precedentes na história das eleições no país.
Nas seções de voto, a segurança foi reforçada, para a proteção contra eventuais violências nesta terça-feira. Muitos locais foram equipados com vidros à prova de balas, portas de metal e botões de telefonemas de emergência. Mesários foram treinados para agir em caso de ataques.
Violência nas urnas
Daniela Melo, professora de Ciência Politica da Universidade de Boston, afirma que um clima acirrado não era visto em eleições presidenciais americanas "há pelo menos um século". Segundo ela, "a possibilidade de violência nas urnas é algo novo para a maioria da população".
"A própria polícia americana tem tido aulas sobre como funciona o sistema eleitoral dos Estados Unidos. Portanto, há toda uma nova forma de preparação, que reflete o medo da sociedade americana neste momento", ressalta.
Segundo a especialista, nos estados-pêndulo, que podem decidir a corrida à Casa Branca, o nível de alerta é maior. Um deles, o Arizona, onde os locais de votação que receberão a maior quantidade de eleitores serão patrulhados por drones, foram convocados até atiradores de elite, que estarão posicionais no alto de prédios.
Retórica de fraude se fortalece
No domingo, em um comício em Lititiz, na Pensilvânia, o ex-presidente americano voltou a falar de fraude eleitoral. Segundo ele, os democratas "estão lutando muito para roubar". No mesmo discurso, Trump também declarou que não deveria ter deixado a Casa Branca em 2020.
Ele ainda disse acreditar que os resultados têm que obrigatoriamente sair na noite de terça-feira, embora especialistas afirmem que, devido à previsão de uma diferença muito pequena entre os votos para cada campo, a contagem dos boletins pode demorar vários dias. Especialistas preveem que o magnata anuncie sua vitória antes mesmo do fim da contagem de votos.
Para as mídias americanas, não ha dúvidas de que o republicano contestará uma eventual derrota. A rede de TV CNN afirma abertamente que "Trump está alegando que as eleições foram roubadas antes mesmo do dia da votação".
"Ele está preparando o terreno, exatamente como fez há quatro anos", relembra Daniela Melo. "Qualquer um que tenha visto seus comícios e suas entrevistas nos últimos dias, sabe que não teve nenhuma ocasião em que Trump não tenha falado diretamente em fraude eleitoral dos democratas", ressalta.
Segundo o magnata, a única forma de Kamala Harris vencer as eleições é por meio de irregularidades. "Não há nenhuma prova de fraude eleitoral neste momento, mas essa tem sido uma das principais mensagens que ele tem passado ao eleitorado", reitera a professora de Ciência Politica da Universidade de Boston.
Mais de 160 milhões de cidadãos americanos se registraram para votar nestas eleições. Cerca de 78 milhões de já votaram antecipadamente, como permite o sistema eleitoral dos Estados Unidos.
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