Enviado americano para o Líbano diz que possibilidade de cessar-fogo entre Hezbollah e Israel "é real"

Uma solução para acabar com a guerra entre Israel e o Hezbollah no Líbano está "ao nosso alcance", disse terça-feira (19) o enviado especial do presidente dos Estados Unidos, Amos Hochstein, que está atualmente em Beirute para negociar uma trégua. Os Estados Unidos e a França intensificaram as iniciativas buscando um cessar-fogo, após todos os esforços internacionais nesse sentido falharem.

A embaixadora americana em Beirute, Lisa Johnson, apresentou na última quinta-feira (14) ao primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e ao líder do Parlamento Nabih Berri um plano de 13 pontos que prevê uma trégua de 60 dias e o envio do Exército para o sul do Líbano. A proposta foi recebida muito favoravelmente pelo governo libanês.

Neste contexto, Amos Hochstein, chegou terça-feira a Beirute. "Voltei porque temos uma oportunidade real de acabar com este conflito", explicou após se reunir com Nabih Berri, aliado do Hezbollah e responsável pela condução das negociações.

 "São as partes que devem decidir acabar com este conflito", disse, antes de acrescentar, "agora está ao nosso alcance".

Na véspera, um responsável libanês familiarizado com as negociações assegurou que o Líbano tinha um ponto de vista "muito positivo" em relação à proposta americana.

Na segunda-feira, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, confirmou que os Estados Unidos tinham "compartilhado propostas" com os governos libanês e israelense. "Houve uma troca de ideias" sobre como "implementar na íntegra a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que acreditamos ser do interesse de todos", afirmou.

Esta resolução, que prevê o fim das hostilidades de ambos os lados, permitiu pôr fim à guerra anterior entre Israel e o Hezbollah em 2006. Ela estipula que apenas o Exército libanês e os capacetes azuis da ONU sejam destacados para a fronteira sul do Líbano, estabelecendo uma retirada dos combatentes do Hezbollah para áreas mais a norte, mas também dos soldados israelenses do território libanês.

Israel diz que não respeitará trégua

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no entanto, alertou na noite de segunda-feira (18) que Israel "realizará operações militares" contra o Hezbollah, mesmo no caso de um acordo de cessar-fogo no Líbano.

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Israel diz que quer distanciar o Hezbollah das regiões fronteiriças do sul do Líbano para garantir a volta para casa de cerca de 60 mil residentes do norte de Israel deslocados pelos ataques do movimento há mais de um ano.

No Líbano, dezenas de milhares de pessoas também foram deslocadas pelos ataques israelenses, que atingiram na terça-feira as cidades de Tiro, Qana e Khiam, no sul do Líbano, além de duas aldeias na planície de Bekaa (leste), de acordo com a Agência Nacional de Informação. Segundo a mesma fonte, combates eclodiram entre o Hezbollah e soldados israelenses perto de Chamaa, a cinco quilômetros da fronteira entre os dois países, do lado libanês.

No dia anterior, pelo menos cinco pessoas morreram num ataque israelense em um bairro densamente povoado de Beirute. Moradores afirmaram a agências de notícias que no local não havia escritório do Hezbollah, mas apenas lojas e um salão de cabeleireiro.

Por sua vez, o Exército israelense indicou que cerca de 40 projéteis foram disparados na manhã de terça-feira do Líbano em direção a Israel.

Após um ano de tiroteios transfronteiriços no sul do Líbano, o Hezbollah e Israel entraram em guerra aberta em 23 de setembro, e o Exército israelense realiza incursões no sul do Líbano desde 30 de setembro.

Segundo o Ministério da Saúde libanês, mais de 3.500 pessoas morreram no Líbano desde 8 de outubro de 2023, a maioria desde 23 de setembro. Segundo a UNICEF, mais de 200 crianças foram mortas em quase dois meses de guerra. Do lado israelense, 46 civis e 78 soldados morreram.

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(Com AFP)

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