Ataque racista a estudantes é reflexo de uma classe média ressentida
As imagens de estudantes de direito da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) ofendendo, com palavras racistas, alunos da USP (Universidade de São Paulo), durante os Jogos Jurídicos realizados neste final de semana, na cidade de Americana, interior de São Paulo, trouxeram à tona o ressentimento de uma branquitude que tem dificuldades em aceitar os avanços sociais.
Os jogos universitários, há anos, vêm se tornando um espaço onde racismo e o preconceito são naturalizados, como se fossem uma autorização para proferir discursos de ódio contra minorias.
Em 2022, por exemplo, alunos de medicina da Universidade Iguaçu foram filmados gritando durante uma partida de futebol: "Ei, eu sou playboy. Não tenho culpa que seu pai é motoboy".
É preciso lembrar que jogos universitários ou qualquer outro ambiente esportivo não devem servir de desculpa para exercer o racismo recreativo. Em jogos, em que os nervos e as emoções afloram, não cabem comportamentos criminosos.
Ataques de estudantes são, na verdade, reflexos do que grande parte da classe média burguesa pensa de pessoas negras, pobres e periféricas. A branquitude sempre encontra formas de expressar seu ressentimento quando percebe a ascensão social de grupos excluídos.
A afirmação de classe comprova, sobretudo, a necessidade de uma classe média burguesa branca de se distinguir socialmente.
A lógica é a seguinte: já que não se pode mais impedir o acesso de negros e pobres ao ambiente acadêmico, é preciso, então, desqualificá-los, invertendo valores colocando as cotas como um demérito, por exemplo, e não como uma conquista.
Na verdade, as cotas, mais do que incluir pessoas negras e pobres na universidade, são também uma forma de educar a branquitude, assim como curar essa classe média do ressentimento e do medo injustificado de perder espaço numa sociedade desigual.
A diversidade no ambiente acadêmico é a possibilidade de classes mais abastadas conviverem e aprenderem com a diferença.
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