Senado se comporta como pedra em avalanche
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Ao restabelecer um reajuste salarial que Jair Bolsonaro vetara, o Senado agiu com a sensibilidade de uma pedra. Nenhuma pedra, em meio a uma avalanche, se sente responsável. Mas não precisava ser tão irresponsável. Se não for barrado pela Câmara nesta quinta-feira, o afago no bolso de servidores públicos pode custar até R$ 130 bilhões. Um acinte.
Rompeu-se um acordo celebrado em maio entre Bolsonaro e os 27 governadores. O Congresso havia aprovado o tônico salarial junto com um pacote de socorro financeiro da União aos estados e municípios, que tiveram a arrecadação de impostos mastigada pelo coronavírus.
Embora tivesse avalizado a aprovação do aumento, Bolsonaro foi convencido por Paulo Guedes a vetá-lo. Prevaleceu o entendimento segundo o qual o dinheiro reservado para o combate à pandemia não poderia ser usado para fornir o bolso de servidores. Em videoconferência com 27 governadores, o presidente combinara que a proibição de reajustes vigoraria até o final de 2021.
Ao roer a corda, os senadores escancararam dois fenômenos: a fragilidade do bloco que dá suporte ao governo no Senado e a falta de miolos dos senadores que ignoram a crise ao redor. A encrenca vai a voto na Câmara. Deveria ter sido analisada na noite passada. Mas a sessão foi adiada, de modo a dar tempo para a ação dos bombeiros. O governo está nas mãos do centrão. Se os deputados não se renderem ao bom senso, ficará demonstrado que a sanidade passou a ser uma qualidade facilmente contornável no Brasil.
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