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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Gilmar brinda Lira com a suspensão de 3 ações

Colunista do UOL

20/04/2021 22h24

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Dando sequência ao processo de esquartejamento da Lava Jato, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu três ações por improbidade administrativa que corriam na Justiça Federal de Curitiba contra o deputado Arthur Lira, o réu que preside a Câmara. Gilmar agiu no escurinho do sigilo judicial. Realçou no seu despacho que os processos "tramitam sob segredo de justiça", longe dos olhares dos brasileiros que pagam todas as contas.

Das três ações suspensas, a que mais aborrece Arthur Lira é uma que resultou no bloqueio de R$ 10,4 milhões dele e do seu pai, Benedito de Lira. O bloqueio foi solicitado pela Advocacia da União, para garantir o reembolso de verbas supostamente desviadas da Petrobras para bancar campanhas eleitorais. Campanhas do pai e do filho. E o Supremo, como um espírito Santo, surge nas horas mais difíceis.

Lira se animou a recorrer contra as ações por improbidade depois que a Segunda Turma da Suprema Corte, presidida por Gilmar, arquivou a denúncia criminal batizada de "quadrilhão do PP". Nesse processo, Lira e outros integrantes da cúpula do seu partido, como o senador Ciro Nogueira, eram acusados de embolsar verbas surrupiadas da Petrobras. Alega-se agora que as ações por improbidade, que corriam na primeira instância do Judiciário, referiam-se aos mesmos fatos mencionados em denúncia criminal que o Supremo arquivou. Gilmar deu razão à defesa de Lira.

Os ventos da segunda turma viraram uma brisa para o PP depois que Nunes Marques, ministro indicado por Bolsonaro com o apoio de Ciro Nogueira, assumiu a poltrona do aposentado Celso de Mello.

No mês passado, Arthur Lira e Gilmar Mendes participaram juntos de uma videoconferência. Ao falar sobre a Lava Jato, o Lira declarou: "Penso que saímos de uma ditadura militar para uma ditadura do Ministério Público." Gilmar concordou: "...Uma ditadura desenhada por um juiz e alguns promotores".

Fica no ar uma impressão de que o problema do Brasil não é a proliferação do roubo de verbas públicas, mas o excesso de investigação.