Reunião ministerial é sintoma de velhice precoce da gestão Lula 3
Em queda nas pesquisas, Lula atribui o revés a problemas de comunicação de sua administração. Pede aos ministros que se mexam. O diabo é que o problema não está apenas na forma como o governo se comunica, mas no conteúdo do que é comunicado. Com uma aparência de reprise, o terceiro mandato de Lula enfrenta os sintomas do envelhecimento precoce.
Em contraste com a opção preferencial de Bolsonaro pela destruição, a restauração de programas de antigas gestões petistas gerou uma simbologia positiva. Mas esse efeito perdeu o prazo de validade em agosto do ano passado, quando as pesquisas sinalizaram que o alarme da impopularidade começaria a soar. Lula demora a perceber que falta ao governo uma nova marca.
Lula gosta de criticar. Odeia ser criticado. Puxa as orelhas de ministros. Mas não admite que lhe travem a língua. Solta, ela piora os índices das pesquisas com falas descalibradas sobre Gaza e observações intervencionistas sobre a Petrobras e a Vale. Em governos anteriores, a oposição ao PT tinha os punhos de renda do tucanato. Hoje, Lula não lida com adversários políticos. Guerreia com inimigos armados de um bolsonarismo primitivo.
Para complicar, Lula enfrenta adversários trogloditas num ringue novo. As surras que o governo leva cotidianamente nas redes sociais atenuam os efeitos dos indicadores positivos da economia. Mesmo o eleitorado tradicional de Lula demora a perceber que a inflação não fugiu ao controle, a economia cresce acima do previsto e o desemprego é o menor desde 2014.
O pior de um governo que envelhece precocemente é Lula perceber que ainda conserva uma grande capacidade de conquistar votos, subir a rampa do Planalto pela terceira vez com a maior desenvoltura e não se lembrar para quê.
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