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"Eles estavam quebrando tudo", diz mulher sobre obra em prédio que desabou no Rio

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/01/2012 14h48Atualizada em 26/01/2012 20h31

Uma mulher que trabalhava no mais alto dos três prédios que desabaram na noite de quarta-feira (25) no centro do Rio de Janeiro relata que duas reformas aconteciam no edifício de 20 andares chamado “Liberdade”. Uma das reformas era no 9º andar e a outra, no 3º andar.

Por volta das 20h30 de ontem, os três prédios vieram abaixo, deixando mortos e feridos: um maior, na rua Treze de Maio (o chamado Liberdade); um menor, no número 16 da rua Manoel de Carvalho, com 10 andares (chamado Colombo); e ainda um imóvel pequeno, localizado entre os dois edifícios maiores, com quatro ou cinco andares.

“Quando o elevador abria no terceiro andar, era possível ver as colunas do prédio sendo marteladas. Eles estavam quebrando tudo”, relembra Teresa Andrade, sócia da empresa BV Cred, correspondente do banco Votorantim, que ficava no 16º andar do prédio. Ela trabalhava no local há três anos e diz que a reforma acontecia havia seis meses.

Eu tive sorte, parecia o 11 de Setembro. Parecia que estavam jogando entulho de cima do telhado. Eu vi uma laje caindo e saí correndo. Se ficasse, ia cair em mim

Vicente Cruz, entregador de água, que estava em um dos prédios que desabou

Segundo Teresa, que não sabe dizer quem seria o responsável pela obra, os pedreiros não usavam uniforme com identificação de nenhuma empresa. Ela relata ainda nunca ter visto nenhum órgão, governamental ou privado, fiscalizando o local.

A mulher e os colegas de trabalho deixaram o prédio por das 19h30 –uma hora antes do acidente. Nesta quinta-feira (26), ela voltou ao local para ver se encontrava algum pertence, mas tudo foi perdido. Teresa avalia que teve um prejuízo de R$ 70 mil.

Explosão por gás é pouco provável

Ainda não se sabe a causa do desabamento, mas o prefeito Eduardo Paes (PMDB) descartou que o acidente tenha sido causado por alguma explosão proveniente de um vazamento de gás –como ocorreu no restaurante Filé Carioca, que também fica no centro da capital, em outubro do ano passado.

O presidente da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes do Conselho Regional de Engenharia (Crea), Luiz Antonio Cosenza, confirmou que estavam sendo realizadas obras no terceiro e no nono andar do edifício Liberdade. Já o engenheiro civil Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, consultor do Crea, afirmou ainda que as obras eram ilegais, pois não tinham autorização do conselho.


Desaparecidos

O número de desaparecidos no desabamento ainda é incerto. Segundo informações do prefeito, 19 pessoas estavam desaparecidas –número que teria caído para 16 após três corpos terem sido encontrados. A subsecretária de Assistência Social do município, porém, afirmou em entrevista à TV Globo que 21 famílias estariam em busca de parentes.

De acordo com subsecretária Fátima Nascimento, a maioria dos desaparecidos estaria em um curso de informática, ministrado no edifício Liberdade. “As famílias têm certeza que os familiares estavam no prédio. A maioria estava num curso noturno de informática, com aulas entre 18h e 21h”, afirmou na entrevista.

Questionado pelo UOL, Teresa Andrade confirmou que havia um curso de informática no período noturno e que cerca de 30 funcionários de uma empresa passavam pelo treinamento.

Veja o local onde desabaram os prédios no centro do Rio