Só terei paz quando Lindemberg responder pelos crimes que cometeu, diz mãe de Eloá
O julgamento do caso da jovem Eloá Pimentel, 15, morta em 2008 após passar cerca de cem horas refém de seu ex-namorado Lindemberg Alves, 25, começa na próxima segunda-feira (13), no fórum de Santo André (Grande São Paulo). O réu vai a júri popular, e a previsão é que o julgamento, que será conduzido pela juíza Milena Dias, dure de três a quatro dias.
Emocionada, a mãe de Eloá afirmou ao UOL que só conseguirá ter paz quando Lindemberg responder pelos crimes que cometeu. "Não consegui ver nos olhos dele arrependimento algum por tudo que fez com a minha filha. Será uma proteção à sociedade. Até para que ele não faça a mesma coisa que fez com a minha filha com a filha dos outros", desabafou Ana Cristina Pimentel.
Responsável pela acusação contra Lindemberg, a promotora Daniela Hashimoto disse na sexta-feira (10) que a mãe da jovem não será convocada como testemunha no julgamento.
Mesmo reconhecendo o apelo emocional da participação da mãe da jovem frente aos jurados, a promotora disse que não a convocou porque Ana Cristina não participou das negociações com o réu. “Eu tenho um entendimento que prezo e sigo de não transformar o tribunal do júri em sensacionalismo”, disse a promotora. No dia do julgamento, sete jurados serão sorteados de um grupo de 25 de pessoas --todos são moradores de Santo André.
As testemunhas de acusação convocadas pelo Ministério Público são cinco: Nayara Rodrigues, amiga de Eloá que também foi feita refém e levou um tiro no rosto; Vitor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira, amigos de Eloá que estavam no apartamento dela quando Lindemberg o invadiu; Ronicson Pimentel, irmão mais velho da vítima; e o sargento Atos Valeriano, que participou da negociação para libertação das reféns e também foi baleado.
Para a defesa, foram convocadas 14 testemunhas, sendo quatro peritos criminais, um advogado, o delegado que presidiu o inquérito policial, dois policias do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e seis jornalistas, entre eles Sonião Abrão e Roberto Cabrini.
O réu é acusado de cometer 12 crimes, entre eles homicídio duplamente qualificado por motivo torpe (Eloá), tentativa de homicídio (contra Nayara e contra o sargento), cárcere privado e disparos de arma de fogo. Se condenado, a pena total pode variar de 50 a 100 anos de prisão, aproximadamente.
Entenda o caso
Inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg Fernandes Alves, 22, invadiu o apartamento de Eloá Cristina Pimentel, 15, no segundo andar de um conjunto habitacional na periferia de Santo André, na Grande São Paulo, no dia 13 de outubro de 2008. Armado, ele fez reféns a ex-namorada e outros três amigos dela, que estavam reunidos para fazer um trabalho da escola.
Em mais de cem horas de tensão, Lindemberg chegou a libertar todos os amigos, mas Nayara Rodrigues, 15, acabou retornando ao cativeiro, no ponto mais polêmico da tragédia.
Em depoimento, Nayara afirmou que, após ter sido liberada, foi procurada por policiais que queriam que ela tentasse convencer Lindemberg a libertar Eloá pelo telefone. Ela, então, os acompanhou até o local do sequestro e foi orientada pelo rapaz, ao celular, a subir as escadas. Nayara disse que Lindemberg prometeu que os três desceriam juntos mas, quando chegou à porta, viu que ele estava com a arma apontada para a cabeça de Eloá. Ele, então, puxou Nayara para dentro do apartamento e não a libertou mais.
Policiais militares do Gate invadiram o apartamento, afirmando que ouviram um estampido do local. Em seguida, foram ouvidos tiros. Dois deles atingiram Eloá, um na cabeça e outro na virilha, e outro atingiu o nariz de Nayara. Eloá morreu horas depois. Lindemberg, sem nenhum ferimento, foi preso.
Imbróglio judicial
A primeira audiência do caso, realizada em janeiro de 2009, decidiu que Lindemberg iria a júri popular, inicialmente marcado para fevereiro de 2011. Foram quase dez horas de depoimentos --cinco testemunhas de acusação e nove de defesa. A primeira a ser ouvida foi Nayara Rodrigues, que afirmou que o ex-namorado de Eloá entrou no apartamento com a intenção de matar. Já Lindemberg permaneceu em silêncio.
A advogada de defesa Ana Lúcia Assad, no entanto, pediu a anulação do interrogatório alegando cerceamento de defesa. E por reconhecer que houve falhas no procedimento, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) aceitou o pedido e anulou a audiência realizada em 2009.
O processo foi recomeçado em março de 2011. Todas as testemunhas foram ouvidas novamente. E em agosto de 2011, a Justiça de Santo André confirmou que Lindemberg deveria ir a júri popular.
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