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Alckmin fala em ir até "últimas consequências" e vê motivação eleitoreira de sindicato

Do UOL, em São Paulo

23/05/2012 12h10Atualizada em 23/05/2012 15h08

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que irá "até as últimas consequências" para garantir o cumprimento de ordem da Justiça que determinou aos metroviários trabalhar com 100% da frota nos horários de pico durante a greve

Em entrevista à TV Globo, o tucano vinculou a greve ao calendário político --neste ano haverá eleições municipais. "Ano passado não teve eleição nem nenhuma greve, este ano tem (eleição e greve). Será que é só coincidência?", disse o tucano. A declaração lembra o "coincidência?" usado por Soninha Francine nas eleições de 2010

Para o governador, o descumprimento da decisão do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) é "uma medida político-eleitoreira irresponsável". "Justiça é para ser cumprida, e nós vamos até as últimas consequências (para garantir o cumprimento da decisão judicial). Senão, vira bagunça", afirmou Alckmin, em entrevista à Rádio Bandeirantes.

O governador disse ainda que o governo tem "disposição de diálogo", mas está "pronto para cumprir ordem judicial". Posteriormente, em entrevista à TV Band News, Alckmin falou que o governo "vai agir de forma firme para defender a população". Nas duas entrevistas, o tucano não especificou que medidas o governo pode adotar.


Sindicalista nega descumprimento

Ouvido pela Band News, o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, negou a versão do governador. "Negociamos há três meses. Ontem [terça-feira], foi feita uma proposta pela Justiça, é bom que se diga. E foi bem menor do que o que nós trabalhadores pedimos", disse. Segundo o sindicalista, os trabalhadores aceitaram a proposta do TRT, mas o Metrô, não. "A hora que o metrô disser que aceita o que a Justiça determinou, temos total disposição em voltar pra trabalhar." 

Alckmin, por sua vez, disse que os salários dos trabalhadores do Metrô são "mais que razoáveis" e defendeu a política de reajuste salarial da companhia. "Todo ano damos aumento acima da inflação e ganho real aos trabalhadores", afirmou o governador à Globo. Segundo ele, um reajuste salarial nos termos do sindicato refletiria em aumento da passagem de metrô. "Por isso, nossos aumentos são maiores que a inflação, mas permitem ao metrô ter saúde financeira." 

Após acordo em reunião no TRT nesta quarta-feira (23), os metroviários farão assembleia para decidir se continuam com a greve.


A greve

Segundo o Metrô, a linha 1-azul está operando apenas no trecho entre as estações Ana Rosa e Luz; a linha 2-verde funciona entre as estações Ana Rosa e Clínicas; e a linha 3-vermelha opera entre as estações Bresser-Mooca e Santa Cecília. Estas linhas começaram a operar mais tarde e todas têm velocidade reduzida e maior intervalo de espera.

As linhas 5-lilás e 4-amarela (que é de concessionária privada) funcionam normalmente.

Os trens da CPTM estão parados nas linhas 11-coral (Luz/Estudantes) e 12-safira (Brás/Calmon Viana), que ligam o centro a cidades da região metropolitana.

Por volta das 7h de hoje, um grupo de usuários do metrô bloqueou a Radial Leste, em frente à estação Corinthians-Itaquera. A polícia dispersou o bloqueio com bombas de gás, e houve correria em frente à estação; um ônibus teve os pneus furados no meio da via.

Já na entrada da estação Jabaquara, passageiros fizeram uma fogueira com jornais.

Usuários relatam que perderam compromissos e não conseguiram embarcar em ônibus, quase todos lotados.

Tumultos e sabotagem

Na Rádio Bandeirantes, Alckmin disse que a polícia está investigando de quem é a culpa pelos tumultos que aconteceram na manhã desta quarta-feira (23) em estações do Metrô. Citando vandalismo na estação Francisco Morato da CPTM, Alckmin falou em "investigar caso a caso", mas insinuou motivação política para as ações. "Não foi usuário. Usuário não depreda estação."

Perguntado sobre uma possível relação entre a greve de agora e o acidente no Metrô na semana passada, o governador disse que há sabotagem em linhas da CPTM e do Metrô. “Tivemos casos em que os fios foram cortados e caixas de transmissão quebradas (...) para parar o sistema.” 

Ao comentar especificamente a colisão entre trens da semana passada, porém, Alckmin falou que são situações diferentes. “Neste caso não houve sabotagem, foi um acidente.”

Congestionamento recorde

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) suspendeu o rodízio municipal de veículos e, com isso, muitos moradores deixaram suas casas de carro.

Às 10h havia 249 km de vias congestionadas na cidade. A marca já é a maior em toda a história de São Paulo durante a manhã. O recorde anterior havia sido registrada no dia 4 de novembro de 2004, quando a cidade teve 191 km de trânsito carregado às 9h30.

A zona sul concentrava quase metade do trânsito mais pesado na capital, com mais de 120 km de vias congestionadas.