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Metrô e sindicato chegam a acordo, e greve em São Paulo pode terminar hoje

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

23/05/2012 13h41Atualizada em 23/05/2012 14h50

Houve acordo na segunda audiência entre a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP) e o sindicato dos metroviários do Estado, nesta quarta-feira (23), no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região, no centro da capital paulista. O fim da paralisação, porém, ainda precisa ser votado em assembleia a ser realizada na tarde de hoje.

Para resolver o impasse, o TRT propôs reajuste salarial e ganho real de 6,45%. A proposta inicial do Metrô era de 4,15% de reajuste e 0,5% de ganho real --em reunião ontem, a proposta subiu para 5,71%. Já o sindicato pedia 5,13% de reposição e 14,99% de aumento real. O Metrô, entretanto, foi irredutível e ofertou hoje 6,17% de reajuste e ganho real. Representantes do tribunal tentaram convencer a companhia a diluir o 0,28 ponto percentual que faltava no vale-alimentação ou no vale-refeição, mas a companhia não aceitou. O valor foi aceito pela diretoria do sindicato.

Ainda pelo acordo, o vale-refeição dos trabalhadores será reajustado dos atuais R$ 19,50 para R$ 23, o vale-alimentação vai de R$ 150 para R$ 218 ao mês, e haverá pagamento de um adicional de periculosidade de 15% sobre o salário (atualmente é de 10%). A pedido do TRT, o Metrô desistiu de descontar as horas paradas pela paralisação.

Os valores serão submetidos à apreciação da assembleia da categoria marcada para o início da tarde de hoje, no sindicado, no Tatuapé (zona leste).

O acordo não inclui os funcionários das linhas 11-coral (Luz/Estudantes) e 12-safira (Brás/Calmon Viana) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metroplitanos), que também cruzaram os braços. Segundo o TRT, uma reunião de conciliação para discutir a greve nos trens será realizada às 17h de hoje.

“Não é a proposta ideal, mas é uma sinalização possível de acordo”, disse Altino Prazeres, presidente do sindicato.

“Várias pontos nas negociações não nos agradaram. Acreditamos que o índice defendido pelo Metrô não é uma questão econômica, mas, sim, uma questão política. Mas acreditamos que é um acordo possível, só que é a assembleia que decidirá”, afirmou Prazeres.

De acordo com ele, se os funcionários aceitarem a proposta em assembleia, as atividades serão retomadas imediatamente.

Uma das preocupações demonstrada pelo sindicato durante a audiência foi o deslocamento da torcida para o jogo entre Corinthians e Vasco, hoje à noite no Pacaembu.

Greve

A greve parcial do metrô e da CPTM causou tumulto, protestos e congestionamento recorde na história da capital, no período da manhã. Com a greve, o rodízio municipal de veículos foi suspenso.

Por volta das 7h de hoje, um grupo de usuários do metrô bloqueou a Radial Leste, em frente à estação Corinthians-Itaquera. A polícia dispersou o bloqueio com bombas de gás, e houve correria em frente à estação; um ônibus teve os pneus furados no meio da via. Uma mulher e dois homens foram detidos durante a manifestação. Levados à Central de Flagrantes do 63º DP (Vila Jacuí), os três assinaram um termo circunstanciado e foram liberados. Eles responderão em liberdade por desacato.

Já na entrada da estação Jabaquara, passageiros fizeram uma fogueira com jornais. Usuários relatam que perderam compromissos e não conseguiram embarcar em ônibus, quase todos lotados.

Segundo último boletim do Metrô, às 6h25, a linha 1-azul estava operando apenas no trecho entre as estações Ana Rosa e Luz; a linha 2-verde funcionava entre as estações Ana Rosa e Clínicas; e a linha 3-vermelha operava entre as estações Bresser-Mooca e Santa Cecília. Estas linhas começaram a operar mais tarde e todas têm velocidade reduzida e maior intervalo de espera.

As linhas 5-lilás e 4-amarela (que é de concessionária privada) funcionam normalmente.


Também os trens da CPTM estão parados na linha 11-coral (Luz/Estudantes) e na 12-safira (Brás/Calmon Viana), que ligam o centro a cidades da região metropolitana.

A SPTrans --estatal municipal responsável pelos ônibus municipais-- diz que acionou o Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência). Com isso, as linhas de ônibus que operam com destino às estações de metrô serão estendidas até a região central da capital. De acordo com a empresa, as linhas farão os trajetos de Mogi das Cruzes a Guaianazes e de Guaianazes a Brás na linha 11, e de Poá a Itaim Paulista e de Itaim Paulista a Brás na linha 12 da CPTM.

O Metrô e o sindicato dos metroviários de São Paulo, recém-desfiliado da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), não deram informações sobre o total de pessoas afetadas. Em nota, a companhia diz que a operação está sendo realizada com funcionários que não aderiram à greve e com seu quadro administrativo, que foi deslocado e está atuando nas estações e bilheterias.

Congestionamento recorde

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) suspendeu o rodízio municipal de veículos na manhã de hoje e, com isso, muitos moradores deixaram suas casas de carro.

Às 10h, havia 249 km de congestionamento nas vias monitoradas na cidade. A marca já é a maior em toda a história durante a manhã na capital. A zona sul concentra quase metade do trânsito mais pesado na capital, com 126 km de vias congestionadas.

O recorde anterior de congestionamento durante a manhã havia sido registrada no dia 4 de novembro de 2004, quando a cidade teve 191 km de trânsito carregado às 9h30. O segundo maior índice foi registrado em 15 de agosto de 2006, com 188 km às 9h.