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Amigos e colegas de farda publicam vídeo para homenagear policial morta em UPP no Alemão

Do UOL*, no Rio

24/07/2012 15h44Atualizada em 24/07/2012 21h10

Amigos e colegas de farda da soldado da Polícia Militar Fabiana Aparecida de Souza, 30, que morreu nesta segunda-feira (23) durante um ataque de criminosos ao contêiner-sede da UPP Nova Brasília, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, homenagearam a vítima publicando um vídeo com fotos e mensagens em uma rede social.

Na tarde desta terça-feira (24), o vídeo contava com diversos comentários de amigos da vítima e usuários da rede social. Em uma das mensagens, um homem que se diz policial militar afirma: "Dói demais perder nossos colegas de farda. Sufoca o nosso peito e a angustia parece não ter fim".

Colegas prestam homenagem a policial morta em UPP

Bope na área

O Bope (Batalhão de Operações Especiais) prendeu dois suspeitos e apreendeu um menor durante as buscas desta terça na favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão. A ação é uma resposta ao atentado contra a base da UPP local, e a tropa de elite da Polícia Militar só deixará a região depois que os criminosos forem identificados e presos, segundo o governo do Estado.

Os dois adultos capturados durante os trabalhos do Bope têm antecedentes criminais, de acordo com informações passadas pela delegacia de Bonsucesso (21ª DP) ao Bope --eles são acusados de homicídio e eram considerados foragidos da Justiça.

No início da noite desta terça-feira, a polícia confirmou que um dos presos foi identificado como Marcelinho da Cidade de Deus. O suspeito responde a um processo por tráfico de drogas e já foi condenado a 22 anos de prisão pelo mesmo crime. Ele negou participação no crime. A polícia investiga a presença do homem, que é morador da comunidade Cidade de Deus, na região do Alemão.

O menor, por sua vez, foi localizado com ferimentos no pé, supostamente provocados durante o atentado contra a UPP. O suspeito recebeu atendimento médico na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da estrada do Itararé, no Complexo do Alemão, e posteriormente foi encaminhado ao distrito policial da Penha (22ª DP).

A Polícia Civil investiga se os dois presos e o menor apreendido efetivamente participaram da ação que culminou na morte da soldado Fabiana Aparecida de Souza. Ainda não há confirmação sobre o real envolvimento dos suspeitos.

Além das prisões, os homens do Bope apreenderam duas granadas artesanais, 63 papelotes e dez cápsulas de cocaína, 130 trouxinhas de maconha, um tablete de maconha prensada, uma capa de colete balístico e farto material utilizado para enrolar entorpecentes.

Colete era adequado, diz PM

O coordenador das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) do Rio de Janeiro, coronel Rogério Seabra, afirmou que o colete à prova de balas utilizado pela soldado Fabiana era "o adequado para o exercício da polícia pacificadora".

Segundo o oficial, especialistas não recomendam a utilização da proteção balística resistente a fuzil (que pesa cerca de 20 kg) em "ações cotidianas".

"Especialistas indicam que o colete [cerca de dez quilos mais leve] utilizado pela soldado Fabiana ontem era o adequado para o exercício da polícia pacificadora. Coletes à prova de fuzil são usados por força tática em momento adequado. A ação de ontem foi a primeira vez que aconteceu [a morte de um militar em área de UPP]", afirmou o coronel.

Fabiana estava na PM havia pouco mais de um ano, era solteira e sem filhos. Ela foi a primeira policial militar morta em serviço em uma comunidade localizada em áreas atendidas por UPPs. De acordo com a PM, os pais da vítima já morreram e o parente mais próximo é uma irmã, também PM, cujo nome não foi divulgado pela corporação.

A irmã de Fabiana é lotada no 10º BPM (Barra do Piraí) e chegou nesta manhã ao IML (Instituto Médico-Legal) da capital fluminense para reclamar o corpo da vítima. Escoltada por colegas de farda, ela entrou e saiu do local sem falar com a imprensa.

O corpo da vítima será enterrado nesta quarta-feira (25), em Valença, na região sul fluminense, cidade natal de Fabiana.

Ajuda da população

A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro (Seseg) divulgou nota oficial, nesta terça, na qual convoca a população dos Complexos do Alemão e da Penha, e dos morros do Adeus e da Baiana, na zona norte do Rio, a colaborar com a Polícia Militar no decorrer das buscas pelos criminosos que atacaram a tiros, na noite desta segunda-feira (23), a sede da UPP Nova Brasília.

A PM também afirmou "lamentar profundamente" a morte da soldado, que foi atingida por um tiro de fuzil durante confronto com os criminosos, supostamente traficantes de drogas. Segundo a Seseg, quaisquer informações que possam ajudar nas investigações devem devem ser passadas à polícia através do Disque-Denúncia. O telefone é (21) 2253-1177.

Em seu primeiro pronunciamento sobre o caso, a Secretaria de Segurança Pública afirmou ainda que as forças policiais não vão recuar em função do atentado que vitimou o primeiro policial militar em área de UPP. "O processo de pacificação seguirá seu curso previsto na região até que esteja consolidada a reconquista de território dessas comunidades, com sua devolução completa e pacífica à cidade do Rio de Janeiro", disse a Seseg.

Policiais do Bope realizam buscas em comunidades do Complexo do Alemão. A divisão de elite da PM também reforça a segurança juntamente com o Batalhão de Choque (BPChoque) e PMs dos batalhões da Maré (22º BPM) e de Olaria (16º BPM).

Há duas semanas, o Exército deixou a região após ocupá-la por 19 meses --desde a operação que garantiu a tomada do território, em novembro de 2010.

Apesar do clima de tensão nos Complexos da Penha e do Alemão, a Seseg confirmou que seguirá o calendário definido para a região e manteve a inauguração de mais duas UPPs na próxima semana: nas favelas da Vila Cruzeiro e do Parque Proletário. Em toda a capital fluminense, já são 25 unidades.

*Com informações de Hanrrikson de Andrade e Felipe Martins