Sobe para 15 o número de cidades atingidas por onda de violência em Santa Catarina
Balanço divulgado pela PM (Polícia Militar) de Santa Catarina na manhã deste sábado (17) aponta que a onda de violência que atinge o Estado chegou a mais duas cidades, elevando para 15 a lista de municípios atingidos pelos ataques, que começaram na segunda-feira (12). Nas últimas 13 horas foram quatro incidentes.
As cidades de Canelinhas e São Francisco do Sul se somam a Florianópolis, Blumenau, Itajaí, Navegantes, Gaspar, Balneário Camboriú, Itapema, Palhoça, São José, São Pedro de Alcântara, Criciúma, Tubarão e Tijucas.
Nas últimas 12 horas foram quatro incidentes. O número de casos, no entanto, é um dos menores desde o começo da onda de atentados, que já atingiu o pico de 16 em um único dia. Desde o começo da semana, foram ao menos 63 ataques (sendo 27 ônibus incendiados), três suspeitos mortos pela polícia e 47 presos. Outras 64 pessoas, foragidas e não identificadas, podem ter tido participação nos crimes, segundo testemunhas.
O primeiro ataque ocorreu em Florianópolis, às 23h de sexta-feira (16), quando uma base da PM foi atacada na praia do Campeche, no sul da ilha. Dois motoqueiros dispararam tiros contra a fachada do prédio e fugiram sem ser identificados. Ninguém se feriu.
Em São Francisco do Sul (195 km ao norte de Florianópolis), cinco homens armados incendiaram um ônibus por volta das 2h. Eles pararam o coletivo no ponto, renderam o cobrador e o motorista, mandaram os passageiros descer e atearam fogo no veículo. Um suspeito foi pego com pedras de crack, segundo a polícia, mas os demais fugiram. Não há registro de feridos.
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Em São José (Grande Florianópolis), dois motoqueiros atiraram na base da Guarda Municipal por volta das 3h30, atingindo dois carros estacionados. Não houve feridos, e os atiradores fugiram.
Em Canelinhas (70 km de Florianópolis), no vale do rio Tijucas, um carro roubado foi incendiado por volta de 5h40 dentro do pátio da delegacia --as chamas acabaram se espalhando e danificaram a placa da delegacia e um aparelho de ar-condicionado. Ninguém ficou ferido, e os criminosos fugiram.
Presídios
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os ataques a ônibus e postos policiais são coordenados pela facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense), em represália às más condições dos presídios e supostas torturas de presos.
A polícia suspeita que os mandantes dos crimes estejam nos presídios de segurança máxima de São Pedro de Alcântara (Grande Florianópolis), de Itajaí (100 km ao norte) e Criciúma (220 km ao sul da capital).
Na quarta-feira (14), no momento mais grave da onda de atentados, o governo do Estado afastou do cargo o diretor do presídio de São Pedro, Carlos Alves, considerado linha dura pelos presos. O assassinato da mulher dele, no dia 26 de outubro, é apontado como o primeiro sinal da crise.
Líderes do narcotráfico, sequestradores e assaltantes de bancos presos relatam torturas e maus tratos. Além disso, agentes da Pastoral Carcerária e da Associação Catarinense de Advogados Criminalistas confirmaram que, durante as visitas, as famílias são humilhadas por carcereiros, que fazem os parentes esperar mais de quatro horas para entrar nas instituições.
Desde o início da onda de violência, a corregedoria do Tribunal de Justiça fez duas inspeções surpresa na penitenciária de São Pedro para investigar as denúncias dos presos, sem apresentar resultados conclusivos.
Ontem (16), a secretária de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, disse em Brasília que "maus tratos e violências dentro das cadeias acabam repercutindo também em violência do lado de fora, para a população".
Ela anunciou que a força-tarefa recém-criada pelo governo federal para avaliar a situação dos presídios do país vai começar nesta segunda-feira (19) por São Pedro de Alcântara, considerado pela polícia catarinense o epicentro da violência. O grupo quer ouvir os 69 presos que no início do mês denunciaram torturas.
Outra força-tarefa, criada pelo governo do Estado já durante a crise para prevenir novos ataques, está interrogando esse grupo de presos para apurar quem são os líderes do PGC.
(Com Estadão Conteúdo)
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