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"Quem vai sustentar a minha casa?", diz cobradora de van em protesto no Rio

Motoristas e cobradores de vans e kombis realizam protesto contra a proibição de circularem na zona sul do Rio - Vasconcelos/Futura Press
Motoristas e cobradores de vans e kombis realizam protesto contra a proibição de circularem na zona sul do Rio Imagem: Vasconcelos/Futura Press

Paula Bianca Bianchi

Do UOL, no Rio

15/04/2013 13h40Atualizada em 15/04/2013 16h49

Cerca de 300 pessoas caminharam da Rocinha à Secretaria Municipal de Transportes, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, para protestar contra o decreto do prefeito Eduardo Paes (PMDB) que extingue a circulação de vans na zona sul da cidade. Os manifestantes ocuparam uma faixa das avenidas por onde passaram no trajeto. Ao chegar à secretaria, a tropa de choque da Polícia Militar fez um cordão de isolamento em volta do prédio, mas o clima era pacífico no local.

À frente do protesto, Maria Severina Nascimento, 33, cobradora da linha São Conrado-Copacabana há 15, segurava uma faixa com os dizeres “Presidente Dilma, estamos no preparando para ir a Brasília buscar seu apoio”. “Como a gente vai trabalhar agora? Quem vai pagar o meu aluguel? Quem vai sustentar a minha casa? Quero perguntar isso ao prefeito”, afirmou.

Também cobrador, Ramires Pereira dos Santos trabalha junto com o cunhado, o pai e o irmão na mesma van da linha Leme-São Conrado, e considera a medida um desrespeito. “Somos todos trabalhadores. Até essa caso do estupro, os turistas pegavam vans sem problemas. O transporte alternativo é muito importante na zona sul, tanto para os turistas quanto para os trabalhadores que precisam voltar para casa no fim do dia, na zona oeste.”

“É uma ditadura, você não tem diálogo nenhum com a prefeitura. O prefeito se contradiz ao dizer que as vans tumultuam o trânsito e permitir o aumento no número de ônibus. Nós estamos participando legalmente da licitação. Ele que não quis usar a bilhetagem eletrônica”, disse Flávio Neri, 37, motorista da linha Rocinha-Copacabana.

Como identificar vans irregulares

Carros em condições precárias, como pneus carecas, peças remendadas, podem significar que esse veículo não foi vistoriado. Vans com portas abertas, excesso de passageiro, também significam irregularidades. É fundamental também que o usuário perceba ou exija que o motorista ou seu auxiliar apresente seu cartão de identificação.

A prefeitura começou durante a madrugada uma força-tarefa com 24 pontos de bloqueio e interceptação para evitar que vans e Kombis trafeguem na zona sul. Nenhuma van tentou furar o bloqueio que impede a circulação do transporte alternativo na zona sul do Rio. "Estamos mantendo uma estrutura de pontos de bloqueio. Quem descumprir o decreto será multado e terá o veículo apreendido", explicou o delegado Cláudio Ferraz, responsável pela operação. Ele afirmou ainda que o estupro coletivo de uma turista norte-americana "acelerou o processo de proibição de vans, Kombis e micro-ônibus para reordenar o trânsito na zona sul do Rio".

O decreto, publicado na última quinta-feira (11) no "Diário Oficial do Município", ocorreu pouco menos de duas semanas após a turista americana ser estuprada dentro de uma van de transporte coletivo, no fim do mês passado. Entre os suspeitos de ter praticado o crime estão o motorista e o cobrador do veículo. Ele teriam pedido que todos os passageiros descessem, com exceção da jovem e seu namorado, que foi agredido.

O prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB), afirma, no entanto, que a medida já havia sido anunciada no final de 2012, com previsão para ser colocada em prática em abril deste ano, e que o objetivo do decreto é reordenar o trânsito nos bairros onde as vans circulavam. Por conta da mudança, agentes de trânsito farão operações especiais na região para orientar o trânsito e impedir a circulação desses veículos.

Ao todo, 300 pessoas da Guarda Municipal, Polícia Militar, CET-Rio e Secretaria Municipal de Transportes participaram da operação. Além dos 24 bloqueios, onde os agentes orientaram os motoristas a retornar e cumprir um trajeto a ser determinado, o grupo vai circular em vários pontos da região para apreender veículos e multar condutores. Cerca de 50 veículos de reboque acompanharam a operação. Devido aos bloqueios de fiscalização da prefeitura, o trânsito ficou complicado no Aterro do Flamengo, na zona sul, e na autoestrada Lagoa-Barra, que  liga a Barra da Tijuca, na zona oeste, à zona sul da cidade.

O prefeito diz que a medida será estendida para o centro da cidade. O sindicato que representa a categoria estima que 100 mil usuários serão afetados pela mudança.

Veja o trajeto feito pela van no dia em que a turista foi estuprada

  • Arte UOL

A prefeitura começou durante a madrugada uma força-tarefa com 24 pontos de bloqueio e interceptação para evitar que vans e Kombis trafeguem na zona sul. Nenhuma van tentou furar o bloqueio que impede a circulação do transporte alternativo na zona sul do Rio. "Por enquanto está tranquilo. Estamos mantendo uma estrutura de pontos de bloqueio. Quem descumprir o decreto será multado e terá o veículo apreendido", explicou o delegado Cláudio Ferraz, responsável pela operação.

Ao todo, 300 pessoas da Guarda Municipal, Polícia Militar, CET-Rio e Secretaria Municipal de Transportes participam da operação. Além dos 24 bloqueios, onde os agentes vão orientar os motoristas a retornar e cumprir um trajeto a ser determinado, o grupo vai circular em vários pontos da região para apreender veículos e multar condutores. Cerca de 50 veículos de reboque vão acompanhar a operação. Devido aos bloqueios de fiscalização da prefeitura, o trânsito ficou complicado no Aterro do Flamengo, na zona sul, e na autoestrada Lagoa-Barra, que  liga a Barra da Tijuca, na zona oeste, à zona sul da cidade.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) diz que a medida será estendida para o centro da cidade. O sindicato que representa a categoria estima que 100 mil usuários serão afetados pela mudança.

O decreto, publicado na última quinta-feira (11) no "Diário Oficial do Município", ocorreu pouco menos de duas semanas após uma turista americana ser estuprada dentro de uma van de transporte coletivo no fim do mês passado. Entre os suspeitos de ter praticado o crime estão o motorista e o cobrador do veículo. Ele teriam pedido que todos os passageiros descessem, com exceção da jovem e seu namorado, que foi agredido.

O prefeito afirma, no entanto, que a medida já havia sido anunciada no final de 2012, com previsão para ser colocada em prática em abril deste ano, e que o objetivo do decreto é reordenar o trânsito nos bairros onde as vans circulavam. Por conta da mudança, agentes de trânsito farão operações especiais na região para orientar o trânsito e impedir a circulação desses veículos.