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Pensei que tinha chegado minha hora, diz mulher que escapou de incêndio em Caxias

Marineuza foi salva por um bombeiro que passava pelo local no momento em que ela começou a gritar por socorro - Hanrrikson de Andrade/UOL
Marineuza foi salva por um bombeiro que passava pelo local no momento em que ela começou a gritar por socorro Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Duque de Caxias (RJ)*

23/05/2013 18h50Atualizada em 23/05/2013 19h22

A dona de casa Marineuza Fernandes dos Santos, 48, foi resgatada momentos antes da explosão de um dos tanques atingidos pelo incêndio no depósito de combustíveis da Petrogold, nesta quinta-feira (23), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. "Pensei que tinha chegado a minha hora. Foi como nascer de novo", disse ela, que não consegue andar por conta de uma distrofia muscular progressiva.

Ela foi salva por um bombeiro que passava pelo local no momento em que Marineuza começou a gritar por socorro. "Eu estava dormindo quando a minha sobrinha me ligou e disse que tinha alguma coisa pegando fogo. Mas não dei importância e fui ver TV. De repente, veio aquela quentura”, contou. “Abri a porta da cozinha e veio aquele vapor no meu rosto. Peguei o andador e fui me arrastando até a porta da sala. Foi quando eu comecei a gritar até que o bombeiro aparecesse."

Após encontrá-la na residência, que fica a uma rua do depósito, o militar a colocou em uma kombi que estava na garagem da casa e a levou para um local seguro. A parte externa do imóvel ficou completamente destruída, segundo vizinhos que presenciaram o resgate. "Se Deus quisesse me levar, ele poderia ter levado. Mas foi ele que colocou aquele bombeiro ali. Não era a minha hora", disse.

Quem fiscaliza o quê?

Secretaria Estadual do Meio AmbienteResíduos produzidos / poluição ambiental / despejo de resíduos / instalações
PrefeituraAlvará de funcionamento
Corpo de BombeirosSegurança do local
ANP (Agência Nacional de Petróleo)Qualidade do combustível / segurança no armazenamento

Uma pessoa morreu no incêndio que atingiu seis tanques no depósito de combustíveis e lubrificantes da distribuidora Petrogold nesta quinta. Segundo a assessoria da prefeitura, a vítima seria um funcionário da empresa.

O secretário estadual do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, afirmou que a empresa Petrogold estava com a licença ambiental vencida desde 2007, porque a análise de riscos não havia sido aprovada. Apesar disso, a assessoria técnica da secretaria afirma que a irregularidade foi percebida pelo órgão apenas hoje, após o acidente.

Em 2009, segundo a secretaria, a Petrogold conseguiu, junto à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, uma licença de operação. No entanto, a prefeitura estaria autorizada apenas a dar licenças para atividades de pequeno porte, como postos de gasolina. De acordo com o órgão estadual, os fiscais que estiveram na empresa nos últimos quatro anos não tinham conhecimento de que a autorização era irregular.

 "O município não pode dar esse tipo de licença. Essa é a primeira questão. Em segundo lugar, nós levantamos que nunca foi feito concurso para fiscal tributário, fiscal de ambiente, fiscal de postura em Caxias", afirmou o prefeito de Caxias. "Não tem nenhum fiscal. Vamos garantir à população que estas bombas-relógio vão ser desmontadas."

Por meio de nota, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) informou que a Petrogold tem autorização para funcionar em Duque de Caxias desde 2009. Na ocasião a empresa apresentou todos os documentos exigidos por duas portarias da ANP, como o alvará de funcionamento da prefeitura, o certificado de vistoria do Corpo de Bombeiros e a licença de operação ambiental. Neste ano, a ANP fiscalizou a Petrogold quatro vezes e informa não ter encontrado irregularidades.

A reportagem do UOL entrou em contato com o advogado da empresa e aguarda um posicionamento da Petrogold. (*Colaborou Carolina Farias, no Rio)