Defesa Civil reduz área de isolamento após fim de incêndio em depósito no Rio

A Defesa Civil de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, reduziu o perímetro de isolamento de 200 para 100 metros depois de o Corpo de Bombeiros controlar o incêndio em um depósito de combustíveis da distribuidora Petrogold, nesta sexta-feira (24), no bairro Jardim Primavera. Dos 114 imóveis isolados, apenas 28 permanecem na área de segurança.

O entorno do galpão segue interditado para trabalho de rescaldo. De acordo com a prefeitura, muitos moradores já estão retornando para suas casas. Além das casas isoladas pelas equipes da Defesa Civil em função da proximidade com o depósito, 13 imóveis apresentam sinais de combustão. O incêndio, que teve início durante a manhã de quinta-feira (23), causou uma morte.

Na manhã desta sexta-feira (24), o Corpo de Bombeiros conseguiu controlar o fogo, e passou a jogar areia sobre os destroços para evitar o surgimento de novas chamas. Durante a última madrugada, cerca de 50 militares de sete quartéis faziam o trabalho de rescaldo. Cada um dos seis tanques do depósito tem capacidade para 500 mil litros de combustível.

A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do município informou que até o momento, dos moradores que tiveram de deixar suas casas,16 famílias avisaram à prefeitura que estão abrigadas em casa de parentes e vizinhos. No ponto de apoio montado pela secretaria na igreja Shekinah (Rua Mário Feijó, 170), há cestas básicas, material de higiene pessoal, colchonetes e água potável para casos de emergência. No entanto, não houve procura por parte dos moradores.

Galpões clandestinos

Segundo a Cicca (Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais), órgão vinculado à Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, existem de 20 a 30 galpões clandestinos utilizados para armazenamento de combustíveis, conhecidos popularmente como "biquinhas", em uma área de cerca de 20 km² situada na região do incêndio.

Segundo o coordenador da Cicca, José Maurício Padrone, o órgão estadual realizou diversas operações na região durante o ano passado, nas quais foram apreendidos, em média, de 5.000 a 7.000 litros de combustível adulterado em cada uma das ações de fiscalização. Quando a Cicca chega, todo mundo foge. Esses galpões irregulares são todos fechados, têm muros altos e passagens secretas, para os funcionários fugirem", disse Padrone.

"São operações muito trabalhosas. Nós temos que levar o Corpo de Bombeiros, por causa dos riscos de explosão, técnicos para manusear o combustível. A gente só gasta e é difícil prender as pessoas", afirmou.

Padrone afirmou que existem galpões de adulteração de combustível em todo o Estado, mas essas empresas se concentram em Duque de Caxias por conta da proximidade com a Reduc (Refinaria de Duque de Caxias). Segundo o governo federal, a Reduc é a mais completa refinaria do país, respondendo por R$ 1,2 bilhão por ano em impostos pagos à União.

"Para se ter uma ideia, das 13 distribuidoras legais de combustível do Estado, dez estão em Caxias. No caso das ilegais, elas saem com o caminhão da Reduc, cheio de combustível bom, chegam nos galpões, tiram a parte boa, colocam solvente e outras substâncias e vendem em postos da Região Metropolitana", disse.

Feridos recebem alta

De acordo com a direção do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, localizado em Saracuruna, em Duque de Caxias, oito vítimas do incêndio foram atendidas na unidade. Todas já receberam alta.

Um homem de 21 anos deu entrada no hospital e acabou saindo à revelia. Já um homem de 43 anos, funcionário da Petrogold, deu entrada na unidade com 90% do corpo queimado. Ele foi encaminhado pra o centro cirúrgico, mas não resistiu aos ferimentos. Esta foi a única vítima fatal do incêndio confirmada até o momento.