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Medo de arrastão faz gays evitarem paquera via celular na Parada

Gabriela Fujita e Rodrigo Bertolotto

Do UOL, em São Paulo

03/06/2013 08h00

Aplicativos como Grindr, Hornet, Scruff e Manhunt ficaram populares no Brasil neste ano entre o público gay para encontros sexuais, mas na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo o que prevaleceu foi a paquera analógica, sem nenhum auxílio de smartphones ou tablets.

Esses aplicativos são classificados sexuais, com espaço para conversar online e geolocalização, para saber que potenciais parceiros estão na vizinhança.

Como a Parada é a maior concentração do público LGBT no país, os frequentadores preferiram a pegação de quem estava no campo de visão. O temor de arrastões, como os que aconteceram na Virada Cultural no mês passado, também afastou usuários de seus gadgets na avenida Paulista.

Maior efetivo policial na história da Parada Gay de São Paulo

A 17ª edição da Parada Gay de São Paulo, neste domingo (2), teve o maior efetivo de policiais militares trabalhando desde a primeira edição do evento. De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar, Benedito Roberto Meira, 2.200 pessoas (1.000 a mais que em 2012) fizeram o policiamento da Parada Gay. O motivo do aumento foi a expectativa de um maior público. A PM trabalhava com a expectativa de 2,5 milhões a 2,6 milhões de pessoas neste domingo. No entanto, Meira estimou que entre 1,5 milhão e 1,8 milhão de pessoas participaram do evento.

O presidente da associação que organiza a Parada Gay de São Paulo (APOGLBT), Fernando Quaresma, considerou baixa a estimativa de Meira, e disse que a associação "não tem como mensurar" o número de participantes. Sobre o aumento no policiamento, Quaresma classificou a estratégia como um "amadurecimento".

"A PM e a GCM têm tido um olhar mais sensível à comunidade LGBT, fazendo capacitação (dos agentes). É um crescimento." 

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Até as 20h do domingo, 2.179 pessoas haviam sido abordadas pela PM. Duas foram detidas em flagrante por crimes cometidos na região da Paulista. Em um deles, uma pessoa que participava do desfile foi levada à delegacia porque vestia farda completa de bombeiro, sem autorização e sem ser bombeiro. O outro caso foi uma tentativa de furto de uma câmera usada por um fotógrafo profissional. O suspeito do furto foi encaminhado à polícia e o equipamento foi recuperado.

Seis pessoas foram levadas a delegacias por ato obsceno, no caso, urinar na rua. Além disso, 132 pessoas haviam sido atendidas nos postos médicos instalados na avenida Paulista e na rua da Consolação. Todos os casos se referiam a uso excessivo de bebida alcoólica. Para Meira, o maior problema na Parada “é o excesso de bebida alcoólica e as pessoas que são encaminhadas para os postos de saúde”.

A GCM informou que cerca de dois mil litros de “vinho químico” (mistura alcoólica caseira) vendido clandestinamente foram apreendidos na região da avenida Paulista, número que pode aumentar bem quando forem acrescentados os dados de apreensão da PM.

Sem contabilizar o “vinho”, foram apreendidos por policiais militares 1.837 unidades de bebida alcoólica (latas de cerveja e outros). “Se o camelô veio para cá é porque ele sabe que há uma possibilidade de vender a bebida, então nós temos que ampliar a repressão. Só que esse papel da repressão ao comércio irregular não pode se restringir ao trabalho da polícia. Nós temos que envolver também a Guarda Civil e os fiscais da prefeitura. Eu acho que cada um fez o seu papel, a dificuldade nossa é o número de pessoas [vendendo produtos irregularmente].”

Os dados divulgados pela PM não incluem números da GCM (Guarda Civil Metropolitana).