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Grupos de manifestantes serão barrados no local onde papa rezará missa no Rio

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

18/07/2013 12h40

As Forças Armadas farão uma linha de bloqueio no entorno do Campus Fidei, em Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, palco principal da Jornada Mundial da Juventude, que impedirá a aproximação de grupos de manifestantes. O papa Francisco deve celebrar uma missa no local e fazer um pronunciamento durante a vigília que ocorrerá no terreno. Segundo José Alberto da Costa Abreu, comandante da 1ª Divisão de Exército e responsável por coordenar a "Operação Papa", no entanto, "um ou outro" cidadão disposto a protestar poderá "se infiltrar" na multidão de peregrinos.

Por isso, pessoas que exibirem cartazes com mensagens de protesto durante os eventos com a presença do papa Francisco poderão ser retiradas do Campus Fidei, segundo afirmou nesta quinta-feira (18) o general.

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De acordo com ele, uma possível manifestação individual vai ser analisada pelos militares "de acordo com o calor do momento". Se for constatado algum ato com "potencial ofensivo ao papa", "a pessoa poderá ser convidada a se retirar", de acordo com o general, que não entrou em detalhes sobre o que poderia ser considerado "ofensivo". A utilização de máscaras, tal como tem ocorrido com frequência na onda de manifestações que se espalhou pela cidade, não será tolerada.

Em casos de violência ou vandalismo, o Exército estará apto a reprimir com "uso gradual da força", ou mesmo prender eventuais manifestantes. O poder de polícia foi dado ao Exército por força de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) assinada pela presidente da República, Dilma Rousseff, que abrange apenas a área de Guaratiba.

Os militares não usarão nenhum tipo de armamento letal ou não letal de forma ostensiva dentro do Campus Fidei. Apenas os agentes especiais envolvidos no esquema (mobilizados para eventuais situações de risco) vão portar armas. O público que for a Guaratiba, porém, não as verá com facilidade, segundo o general Abreu. O mesmo não se aplica ao entorno do Campus Fidei, onde a segurança será reforçada pelos fuzileiros navais.

Além disso, apenas os peregrinos que estiverem na área mais próxima ao palco do Campus Fidei serão revistados. Barreiras serão feitas no raio de quatro quilômetros. Segundo o oficial, pessoas em atitudes suspeitas também serão revistadas.

Ontem à noite, um protesto realizado perto da casa do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), terminou em confronto com a polícia, saques e depredações. Um grupo arremessou pedras e fogos de artifício nos policiais, que revidaram com bombas de efeito moral. Ao menos 15 pessoas foram detidas.

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O general disse que as sucessivas manifestações no Rio não alteraram o planejamento das Forças Armadas na segurança do evento. "Não houve necessidade de reavaliação. Já estávamos trabalhando com a possibilidade de movimentos contestadores. Fomos surpreendidos pelos protestos durante a Copa das Confederações, ninguém esperava, mas manifestações intimidatórias e atos terroristas já estavam no nosso rol de preocupações", afirmou.

Segundo o general, o fato de as Forças Armadas terem assumido a responsabilidade pela segurança interna no Campus Fidei não trouxe dificuldades para a organização do contingente. A 4ª Brigada de Infantaria Leve, localizada em Juiz de Fora (MG), vai substituir os seguranças particulares que não chegaram a ser contratados pelo comitê organizador da Jornada. "Eles têm experiência em ações no Haiti e conhecimento de idiomas", afirmou o general.

Agenda intensa

Na sua viagem ao Brasil, Francisco celebrará uma missa na Basílica de Aparecida, em São Paulo. Durante sua estada, no Rio, ele ficará hospedado na residência do Sumaré.

Essa é a primeira viagem ao exterior do papa. A programação de Francisco é intensa: visita aos moradores da comunidade da Varginha, conversa com presos e concede a bênção para os doentes de uma instituição mantida por doações.

Francisco será recebido pela presidenta Dilma Rousseff; pelo governador do Rio, Sérgio Cabral; pelo prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes; pelo arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta; e pelo arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Raymundo Damasceno Assis. Os deslocamentos serão feitos em um helicóptero. (Com agências)