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"Greve não tem prazo para acabar", diz sindicato dos aeroportuários

Cartaz anuncia a greve no aeroporto de Congonhas, em São Paulo - Avener Prado/Folhapress
Cartaz anuncia a greve no aeroporto de Congonhas, em São Paulo Imagem: Avener Prado/Folhapress

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

02/08/2013 19h17

A greve dos aeroportuários, que completou três dias nesta sexta-feira (2), não tem prazo para acabar, segundo o diretor do Sina (Sindicato Nacional dos Aeroportuários) Severino Macedo. A previsão é que a paralisação nos 63 dos 64 aeroportos operados pela estatal Infraero se mantenha ao menos até a próxima terça-feira (6), quando haverá uma audiência de conciliação entre a categoria e a empresa na Justiça do Trabalho.

O que pedem os aeroportuários

Aumento salarial de 16%, manutenção do plano de saúde -- o sindicato alega que a Infraero teria indicado diminuição da extensão deste -- aumento na Participação nos Lucros e Resultado (PLR), e reajuste nos salários de profissionais de nível técnico.

"Nada nos impede, porém, de prolongarmos o ato até que recebamos uma proposta digna", relatou Macedo, que não descarta a possibilidade de um acordo não ser estabelecido na audiência da semana que vem. "Nós estamos preparados para tudo (...) e essa paralisação não tem prazo determinado."

O governo federal, conforme ele, pediu "um refresco" aos profissionais, que estão reivindicando melhorias salariais e de trabalho há mais de 90 dias. "Aguardamos a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude, mas para quê? Para a diretoria nos tratar com descaso?"

Ainda assim, Macedo ressaltou o compromisso da classe com a determinação liminar do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que impôs restrições à greve sob pena de pagamento de multa diária de R$ 50 mil.

"Nossa intenção nunca foi atrapalhar a vida dos passageiros", disse ele, mesmo discordando com a decisão judicial, que obriga o funcionamento de 100% das áreas ligadas ao controle do tráfego aéreo, 70% dos setores ligados à operação e à segurança e 40% dos demais departamentos. 

O que diz a Infraero

A companhia propõe reajuste de 6,4%, conforme acordo coletivo, e defende que negociações sejam feitas sem paralisações. A Infraero diz que não procede a informação de redução de benefícios.

O único aeroporto que não aderiu ao movimento foi o de Foz do Iguaçu (PR). No terceiro dia de greve, até as 18h25, dos 108 voos internacionais programados, 20 (18,5%) saíram com atrasos e três foram cancelados (2,8%). Dos 1.968 voos domésticos, 122 (6,2%) sofreram atrasos e 76 (3,9%) foram cancelados.

Na última quinta-feira (1º), os índices de atraso e cancelamentos de voos eram superiores, inclusive, aos registrados na véspera, primeiro dia de paralisação dos aeroportuários. Em boletim atualizado às 17h, a Infraero disse que 26% dos voos domésticos sofreram atrasos e 5% foram cancelados. Na véspera, no mesmo horário, esses índices eram de 14,9% e 1,4%, respectivamente.

A Infraero, no entanto, justificou os altos índices de ontem ao fechamento dos aeroportos Santos Dumont e Galeão, no Rio de Janeiro, por questões climáticas. E, de acordo com a estatal, a situação nos aeroportos era normal, apesar da manifestação.

Apesar dos baixos efeitos da greve nos voos, o Sina diz acreditar que o ato está tendo efeito nos serviços da estatal. "A Infraero diz que a greve foi um fracasso, mas pediu uma liminar restringindo o nosso direito. Ou seja, não foi um fracasso como tentou fazer parecer na mídia", afirmou Macedo. Segundo ele, a atividade dos aeroportuários é técnica e bastante específica e não pode ser exercida por qualquer profissional nem mesmo pelos aeroviários.