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Fiscal responsável por área onde obra desabou em SP nunca esteve no local

Do UOL, em São Paulo

04/09/2013 22h32Atualizada em 04/09/2013 22h32

A agente vistora responsável pela área onde um prédio em reforma desabou na semana passada na zona leste de São Paulo nunca esteve no local, afirmou nesta quarta-feira (4) o coordenador de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Subprefeitura de São Mateus, durante reunião da Comissão de Política Urbana da Câmara Municipal.

O coordenador Alfredo Consiglio Carrasco e o subprefeito Fernando Elias Alves de Melo foram convocados a dar esclarecimentos sobre o desmoronamento que matou dez pessoas e deixou 26 feridas em 27 de agosto.

Local do desabamento

Carrasco informou que até hoje não foi designado um substituto para o fiscal responsável pela fiscalização da obra Valdecir Galvani de Oliveira. O agente pediu exoneração em 4 de abril, dez dias após aplicar multa e embargar a construção por irregularidades.

Na falta de um fiscal, quem responde pela fiscalização é o chefe do setor. Segundo ele, a agente designada nunca esteve no local.

O coordenador admitiu que não sabia da construção irregular. "Nunca passei [por lá], nem é no meu caminho. Só tive conhecimento do projeto da obra", disse.

De acordo com o subprefeito de São Mateus, sete agentes vistores atuam na região, sendo dois deles responsáveis por fiscalizar apenas as feiras livres.

A Salvatta Engenharia, empresa responsável pela obra na avenida Mateo Bei, também foi convocada para a reunião, mas não compareceu.

Em nota, o advogado do coordenador, Alvaro Consiglio Carrasco Junior, informou que "não competia a Alfredo Consiglio Carrasco agir no projeto ou nas obras do imóvel que desabou, direta ou indiretamente, tampouco realizar diligências de constatação, praticar autuações, promover embargos ou solicitar força ou apuração policial".

Também nesta quarta, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público da capital instaurou inquérito para apurar eventuais irregularidades na fiscalização da obra.

Este é o segundo inquérito civil público instaurado pelo Ministério Público para apurar as responsabilidades do caso, que é investigado também pela Polícia Civil e pela Controladoria-Geral do Município.

Os vereadores que integram a comissão falaram sobre a necessidade de abertura de uma subcomissão para investigar a tragédia em São Mateus.

“Não tem muito nexo esse juntado de coisas que foram argumentadas. O que percebemos é que todo mundo estava vendo [a obra embargada], todos conseguiam enxergar, mas muitos não queriam enxergar”, criticou o vereador José Police Neto 9PSD). A comissão é presidida por Andrea Matarazzo (PSDB).

Das 26 pessoas que ficaram feridas, quatro continuam internadas: três estão no Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, na zona leste. Ralisson Teixeira Silva, 22, está na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da unidade, em estado grave.

O estado de saúde de Francisco Diego Borges Vasconcelos, 21, e Antônio Nilson Teixeira, 31, é estável. Alcides Ferreira dos Santos, 31, está no Hospital Geral de São Mateus, também na zona leste, e não corre risco de morte.