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Sete de Setembro terá protestos em todas as capitais e cerco a mascarados

Do UOL, em Brasília*

07/09/2013 02h00

Pela primeira vez as celebrações do Sete de Setembro, dia da Independência do Brasil, deverão ser acompanhadas de protestos em ao menos 149 cidades do país, inclusive em todas as capitais. As manifestações estão sendo convocadas pelo grupo Anonymous nas redes sociais desde que eclodiu uma onda de protestos pelo país, entre junho e julho.

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Até as 18h de ontem (6), mais de 400 mil pessoas confirmam participação no evento “Maior Protesto da História do Brasil”, criado no Facebook por um usuário que se identifica como Anonymous. Foram espalhados mais de 5 milhões de convites para o evento. A página do evento reúne links com os protestos convocados nas 149 cidades.

Haverá reforço na segurança dos desfiles em Brasília --em que a presidente Dilma Rousseff participa--, São Paulo e no Rio de Janeiro, entre outras capitais. Manifestantes mascarados estão proibidos de participar dos protestos na capital federal, em Minas Gerais e em Pernambuco. 

A pauta de reivindicações divulgada pelo Anonymous inclui seis itens: prisão de condenados no mensalão; aprovação do projeto de lei 7368/2006, conhecido como Lei de Combate à Corrupção; redução do número de deputados; reforma tributária; fim do voto obrigatório; e aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE).

Protestos se espalham pelo Brasil
Protestos se espalham pelo Brasil
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No Twitter, o protesto está sendo divulgado com a hashtag #OperacaoSeteDeSetembro. A grande adesão nas redes sociais não implica, necessariamente, na presença maciça do público nos protestos, como se verificou em várias manifestações convocadas pela web nos últimos meses.

Os criadores do evento afirmam que os protestos buscam um “país melhor” e não “um golpe militar, intervenção, fascismo ou socialismo, bem como não possui ligação com qualquer partido político.”

O ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, afirmou ontem (6), em entrevista à Rádio Gaúcha, que o governo orientou as autoridades de segurança a não criar hostilidades.

"A orientação que estamos dando pra segurança é que não se crie um clima de hostilidade. Ao mesmo tempo, temos que assegurar que não haja nenhuma perturbação, nem àqueles que desfilam, nem àqueles que assistem”, afirmou o ministro, que defende a realização dos protestos. “Acho que a sociedade precisa continuar na rua, senão as mudanças não vão ocorrer.”

Grito dos Excluídos

Também irá acontecer nas principais capitais do país o “Grito dos Excluídos”, com o tema “Juventude que ousa lutar constrói projeto popular”. Realizado anualmente no Sete de Setembro desde 1995, o “Grito” tem origem nas pastorais da Igreja Católica e conta com a adesão de movimentos sociais da cidade e do campo, centrais sindicais, organizações da juventude, entidades estudantis e partidos políticos de esquerda.

Participam das manifestações o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), CUT (Central Única dos Trabalhadores), CMP (Central de Movimentos Populares), Marcha Mundial das Mulheres, Levante Popular da Juventude, entre outros.  Os integrantes do Grito criticam o modelo político e econômico “concentrador de riqueza”, buscam expor nas ruas o “rosto dos excluídos” e defendem uma democracia com “inclusão social” e “participação ampla de todos os cidadãos.”

Distrito Federal

Em Brasília, vários protestos --entre eles o do Anonymous-- estão sendo convocados para ocorrer na Esplanada dos Ministérios, onde haverá o desfile de celebração do Dia da Independência, com a presenças das principais autoridades do país. A concentração será no Museu Nacional, entre 8h e 9h. À tarde, há manifestações programadas no entorno do estádio Mané Garrincha, onde a seleção brasileira enfrenta a seleção australiana a partir de 16h.

A polícia estima que os atos devam reunir entre 40 a 50 mil pessoas. A Secretaria Segurança Pública do DF anunciou que colocará mais 4.000 policiais militares para fazer a segurança dos eventos e protestos. Por conta dos atos, o Congresso não estará aberto a visitas, como de praxe. 

O Grito dos Excluídos do DF está marcado para começar às 12h, na rodoviária do Plano Piloto. Os manifestantes devem marchar até o estádio Mané Garrincha e engrossar o protesto antes do jogo da seleção. O ato tem o apoio do Movimento Passe Livre do DF, que declarou não apoiar as manifestações convocadas para a Esplanada dos Ministérios. 

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Jooziel de Melo Freire, afirmou que manifestantes mascarados que se recusarem a se identificar serão detidos. Ele promete atuação rigorosa da polícia para evitar atos de vandalismo.

A parada militar na capital federal não terá a participação da Esquadrilha da Fumaça em função do acidente que matou dois militares no último dia 12, durante apresentação em Pirassununga (SP). A exibição, que anualmente atrai grande público, foi cancelada porque os pilotos precisam concluir um ano de treinamento nos aviões Super Tucano, adquiridos recentemente.

Segundo o Ministério da Defesa, Marinha, Exército e Aeronáutica, além de organizações de segurança pública, como policiais militares e bombeiros, trarão para a Esplanada dos Ministérios 1.850 militares e civis para o desfile a pé, além disso de 105 carros militares.

São Paulo

Na capital paulista, haverá dois protestos do Grito dos Excluídos: em um a marcha está programada para começar às 8h30 na praça Oswaldo Cruz, no Paraíso, e terminar no Parque do Ibirapuera, às 13h; o outro tem previsão de início às 10h, na praça da Sé (centro), com caminhada até o Museu do Ipiranga, na zona sul. O protesto convocado pelo Anonymous, que integra a “Operação Sete de Setembro”, está programado para começar às 14h no Masp na avenida Paulista.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou ontem (6) que os manifestantes mascarados não serão vetados nos protestos, "Não tem nada que proíba o fato de a pessoa estar usando máscara ou não estar usando máscara. O que não pode é a depredação do patrimônio público ou privado.” Segundo o governador, haverá reforço policial para "garantir a segurança do desfile e também dos manifestantes", mas a polícia não usará balas de borracha.

Rio de Janeiro

No Rio, os atos estão programados para ocorrer em dois pontos do centro da cidade, a partir das 7h, antes e depois do desfile da Independência. Na avenida Presidente Vargas, na altura da esquina com a avenida Passos, adeptos dos grupos Black Bloc e Anonymous farão uma passeata contra o governo do Estado e contra as prisões dos administradores da página “Black Bloc RJ” no Facebook. A Presidente Vargas também será palco do Grito dos Excluídos

Qual deve ser o principal tema dos próximos protestos no Brasil?

Manifestantes também se organizam via redes sociais para um protesto marcado para a praça da Cinelândia, às 7h30, onde está situada a Câmara Municipal e o Theatro Municipal. O evento faz parte da “Operação 7 de Setembro”, convocada pelo Anonymous.

Na quinta-feira (5), a Polícia Militar informou que, em função dos protestos, a maior parte do efetivo não participará do Desfile da Independência. Na versão do porta-voz da corporação, tenente-coronel Cláudio Costa Oliveira, o objetivo é aumentar a segurança nas ruas a fim de evitar atos de vandalismo. "Estamos definindo o aumento do efetivo em razão dessas manifestações que estão sendo passadas pela internet", afirmou.

Às 17h, mais uma manifestação deve ocorrer, dessa vez na zona sul da cidade. O evento “Setembro Negro” está marcado para o Largo do Machado, a 1,2 km de distância do Palácio Guanabara, residência oficial do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

No último dia 3, a Justiça do Rio de Janeiro autorizou a condução a delegacias de pessoas que estiverem mascaradas em manifestações, mesmo que não tenham sido flagradas cometido crimes. Segundo o secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame, a polícia não impedirá que alguém vá ao protesto mascarado, mas terá direito a abordar a pessoa “de maneira não traumática.”

Minas Gerais

A Polícia Militar de Minas Gerais anunciou que pessoas flagradas escondendo o rosto com máscaras e sem documentos de serão detidas e levadas à delegacia. Segundo a corporação, mochilas, bolsas e sacolas serão revistadas. Ao todo, 3.000 policiais vão ser utilizados no policiamento da capital mineira. O desfile ocorre na avenida Afonso Pena, no centro da cidade, onde estão marcados protestos às 8h e às 13h, com concentração na praça Sete.

SÍMBOLO

  • Arte UOL

    Eu também iria às ruas , diz criador de
    máscara sobre manifestações no Brasil

O coronel Antônio de Carvalho, comandante do Batalhão de Policiamento de Eventos, afirmou que a corporação, caso seja necessário, irá utilizar bala de borracha, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. No entanto, ele disse que o recurso será utilizado em último caso. “Nossa palavra de ordem é negociar sempre, baseado no diálogo para manter a ordem”, afirmou. O trabalho dos militares será feito em conjunto com a Polícia Civil.

Neste ano, alunos do Colégio Militar e do Colégio Tiradentes, respectivamente ligados ao Exército e à Polícia Militar mineira, não irão desfilar. A medida foi tomada em razão da segurança dos alunos caso ocorra alguma manifestação. A Prefeitura de Contagem (região metropolitana de BH) decidiu não realizar o desfile de 7 de setembro por causa da possibilidade de haver algum distúrbio violento no município.

*Com reportagem em Belo Horizonte e no Rio

Manifestantes saem às ruas em protestos pelo Brasil
Manifestantes saem às ruas em protestos pelo Brasil
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