PM e manifestantes entram em confronto na marginal Pinheiros, em SP; 56 são detidos
Manifestantes que aproveitaram o dia dos professores para protestar em São Paulo contra a política educacional do governo de Geraldo Alckmin foram reprimidos pela Polícia Militar, por volta de 19h30, quando ocuparam todas as faixas da pista sentido Interlagos da marginal Pinheiros. A Tropa de Choque da PM usou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra os manifestantes.
Antes do confronto com a PM, manifestantes mascarados atiraram bolinhas de gude contra uma concessionária Honda, na avenida Eusébio Matoso, perto do acesso à marginal Pinheiros, quebrando uma vidraça. Também foram danificados três carros --dois Fiat Palio e um Fiat Estrada-- e um ônibus da viação Consórcio Via Quatro.
Durante o protesto, os manifestantes ocuparam as faixas das avenidas Brigadeiro Faria Lima (sentido Vila Olímpia) e Eusébio Matoso (sentido bairro).
Após o tumulto, o ato se dispersou. Às 20h55, a marginal foi liberada ao tráfego. Também houve confronto entre a polícia e manifestantes mascarados no Rio de Janeiro.
Segundo informações da Polícia Militar de São Paulo, 56 foram detidos e encaminhados ao 14º DP (Pinheiros). A PM não soube informar o motivo das prisões. Ainda de acordo com a PM, quatro policiais ficaram feridos.
Um grupo se abrigou em uma loja da Tok Stok na avenida Eusébio Matoso para fugir do confronto. Policiais militares entraram no estabelecimento atrás dos manifestantes.
A estimativa da PM é que cerca de 400 manifestantes participaram do protesto, que começou no largo da Batata, em Pinheiros, e seguia em direção ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, no Morumbi. Segundo representantes do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da USP (Universidade de São Paulo), que integrou o ato, a manifestação reuniu cerca de 2.000 pessoas.
Participaram do protesto estudantes, militantes de partidos políticos de esquerda, professores e manifestantes adeptos da tática Black Bloc, que na maior parte do tempo formaram um bloco menor que permaneceu à frente do protesto.
Os manifestantes criticam a política educacional do governo de Geraldo Alckmin, exigem reajuste salarial de 36,74% e prestam solidariedade aos professores do Rio de Janeiro, que estão em greve. Estudantes da USP, que cobram eleições diretas para reitor, se incorporaram ao protesto.
Confusão na Câmara
Mais cedo, o mesmo grupo tentou entrar na Câmara Municipal de São Paulo para apresentar suas reivindicações, mas foi impedido por policiais militares, que utilizaram spray de pimenta para contê-los.
Após o tumulto na entrada da Câmara, 12 representantes dos sem-teto se reuniram com o presidente da Casa, deputado José Américo (PT), para lhe entregar um conjunto de reivindicações do movimento para o Plano Diretor da cidade, que está em discussão no Legislativo municipal.
O grupo entregou documento com oito reivindicações, pedindo, principalmente, que o plano diretor da cidade seja votado ainda este ano e que sejam criadas Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social) --áreas destinadas a habitação e equipamentos para população de baixa renda-- na zona sul.
O MTST pede ainda que uma comunidade na região do Campo Limpo, na zona sul, não seja despejada. Por volta de 16h, o grupo deixou a Câmara e seguiu em direção à prefeitura. Em função do protesto, o viaduto Jacareí e a rua Maria Paula ficaram bloqueadas na pista sentido Sé, mas já foram liberadas.
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