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Governo federal se reunirá com Rio e SP para discutir atos de vandalismo

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

29/10/2013 16h09Atualizada em 29/10/2013 16h37

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta terça-feira (29) que irá se reunir na próxima quinta, em Brasília, com os secretários de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, e do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, para “discutir medidas de segurança pública para evitar atos de vandalismo”. Segundo o ministro, o objetivo é traçar uma estratégica conjunta entre a Polícia Rodoviária Federal e as polícias estaduais para dar uma resposta mais ágil aos atos de vandalismo. A intenção dele é envolver também o Ministério Público e o Judiciário.

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Em entrevista coletiva, Cardozo condenou os protestos que interditaram trechos da rodovia federal Fernão Dias, que liga São Paulo a Minas Gerais, e avenidas na região da Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, e resultaram em saques e ao menos seis ônibus e três caminhões destruídos.

O ministro defendeu a liberdade de manifestação, mas disse que o governo irá agir para evitar que protestos descambem para atos de vandalismo e depredação.

“Essa situação não se confunde com o abuso da liberdade de manifestação, com a depredação, com o vandalismo (...). Infelizmente, isso tem ocorrido de forma recorrente em várias cidades, o desvio daquilo que seria uma manifestação pacífica por alguns elementos, algo que não podemos aceitar”, disse. “Queremos uma política de segurança pública que garanta a manifestação, mas não permita o vandalismo.”

Cardozo descartou, por enquanto, o envio de tropas da Força Nacional de Segurança para auxiliar as polícias locais de São Paulo. Na avaliação dele, o Estado dispõe de um efetivo significativo de policiais militares e civis, mas que, “se for necessário, sem sombra de dúvida” enviará.

O ministro negou demora na integração da inteligência entre a pasta e as secretarias de segurança estaduais. Disse que essa troca já acontece, mas que agora passaria a ser mais coordenada.

Ele contou que conversou com a presidente Dilma Rousseff e que ela “pediu que o Ministério da Justiça zelasse para que o assunto fosse resolvido”.

Protestos em São Paulo

Os atos começaram após a morte no domingo de um jovem de 17 anos, que foi baleado por um policial militar. O caso gerou revolta e desencadeou uma onda de violência no bairro, que culminou numa série de manifestações com veículos incendiados ainda na noite de domingo.

O fogo atingiu a rede elétrica, o que levou ao corte de energia no bairro.  Grupos, então, se aproveitaram da falta de luz para fazer os saques.

 

O policial militar que matou Douglas Rodrigues foi preso e levado para o presídio militar Romão Gomes, também na zona norte. Ele irá responder por homicídio culposo (sem intenção de matar).

Cardozo prestou solidariedade à família do jovem e cobrou “uma investigação criteriosa dos fatos para que, evidentemente,  a sociedade saiba as tristes razões que levaram a essa situação”.

O ministro contou que, antes da entrevista coletiva, havia acabado de assinar um acordo para ampliar o acesso à Justiça da juventude negra em situação de violência e vulnerabilidade. Na prática, o objetivo é intensificar o acompanhamento de casos como esse por parte dos Ministérios Públicos e da Defensoria Pública.