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Carro cai em buraco durante chuva no Rio: "pensei que ia morrer", diz motorista

Apesar do impacto, a motorista do veículo não sofreu ferimentos - Felipe Martins/UOL
Apesar do impacto, a motorista do veículo não sofreu ferimentos Imagem: Felipe Martins/UOL

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

11/12/2013 18h33

A empresária Gelcinea Cordeiro, 46, levou um susto na manhã desta quarta-feira (11) quando saía de casa em direção ao trabalho. O carro que ela dirigia, um Siena branco, caiu por volta das 9h30 em uma cratera aberta nesta madrugada, na rua São João Gualberto, na Vila da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, durante o temporal que atingiu o Estado. O veículo ficou inclinado, com as duas rodas traseiras suspensas.

“Eu pensei que ia morrer. Fiz esse caminho ontem e não tinha nada, nenhum buraco. Foi assustador”, contou Gelcinea. Apesar do impacto, ela não sofreu ferimentos. “Felizmente eu estava devagar e nada mais sério aconteceu. Mas imagina se eu estivesse com uma criança no carro? Isso é brincar com a vida da população”, disse.

Moradores relataram que a prefeitura havia fechado outro buraco no mesmo local há menos de 15 dias. O acidente aconteceu a menos de um quilômetro de onde um ônibus da linha 721 (Vila Cruzeiro – Cascadura) caiu, por volta das 6h, em um buraco aberto na avenida Vicente de Carvalho, também na Vila da Penha. 

No local, é realizada uma obra da prefeitura para a construção da Transcarioca, via que ligará a Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, ao Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, zona norte. A Secretaria Municipal de Obras, no entanto, negou que o alagamento da região esteja relacionado à implantação do corredor expresso. De acordo com testemunhas, o motorista não percebeu o desvio sinalizado e invadiu a área da obra.

Algumas ruas do bairro ficaram alagadas até o início da manhã desta quarta-feira. O rio Quintungo, que corta a avenida Oliveira Belo, transbordou. "Passei a madrugada acordado, observando o volume das águas do valão. A água chegou até a varanda de casa. Dos males, o menor, ficou nisso”, disse o taxista Antônio Firmino, 48. “Espero que o pior já tenha passado."

O Corpo de Bombeiros informou que não foi acionado para a ocorrência com o ônibus. A Polícia Civil informou que também não havia sido feito registro do acidente na 27ª DP (Vicente de Carvalho). Ninguém no RioÔnibus (Sindicato das Empresas de Ônibus do Rio de Janeiro) foi encontrado para fornecer informações.

Moradora da praça do Carmo, na Penha Circular, bairro que também é caminho da nova via, a comerciante Renata Maranhão, 32, conta que sofreu para chegar em casa na noite de terça-feira (10).

“A água subiu mais de um metro na praça do Carmo. Estava uma verdadeira piscina. Foi milagre de Deus ter chegado em casa viva”, contou. “Não dava pra enxergar quase nada. Mas com filho doente em casa, não tinha outro jeito. Foi desespero de mãe para não deixar o filho pequeno sozinho.”

 A aposentada Marilene Almeida, 59, afirma que já viu, “pelo menos umas dez vezes”, o  asfalto ceder no mesmo local onde o carro com a empresária caiu. “Sempre tem esse problema. Sempre abre um buraco nesse lugar. A prefeitura vem, fecha, daqui a pouco abre de novo”, disse ela. “Isso é um problema antigo que parece que não ter nunca solução.”

A assistente comercial Clarrise Peixoto, 44, moradora da Vila da Penha há sete anos,  se queixa dos transtornos causados pela obra da Transcarioca. “Você vê que é uma coisa mal feita. Eles fecham um buraco num lugar e logo em seguida esse buraco abre de novo.  A cada esquina  tem um buraco reaberto”, afirmou.

Procurada pela reportagem do UOL, a Secretaria de Conservação limitou-se a informar que "ocorreu afundamento da galeria de águas pluviais no trecho da Rua São João Gualberto, esquina com a Rua Alice Tibiriçá, na Vila da Penha. Equipes da Coordenadoria Geral de Conservação farão reparos nesta quinta-feira (12) na pavimentação asfáltica". Sobre os casos anteriores ocorridos na mesma localidade, o órgão não se pronunciou.