PF prende doleiro envolvido em esquema que lavou R$ 10 bilhões
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira (17) uma grande operação para desarticular diversas quadrilhas que usavam um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo operações no mercado clandestino de câmbio. Dos 47 mandados de prisão (preventiva, temporária ou condução coercitiva expedidos) em seis Estados e no Distrito Federal, 24 tinham sido cumpridos até as 12h.
Personagem-chave é preso
Alberto Youssef, preso no Maranhão, foi personagem-chave em outras investigações feitas pela Polícia Federal sobre lavagem de dinheiro, que resultaram em operações como a Anaconda e a Farol da Colina e na CPI do Banestado. Leia mais sobre ele:
Também estão sendo cumpridos 81 mandados de busca e apreensão, além de ordens de sequestro de imóveis de alto padrão, apreensão de patrimônio e bloqueio de dezenas de contas e aplicações bancárias. Carros de luxo, hotéis, relógios de marca e obras de arte já estão nas mãos da PF.
Entre os presos está o doleiro Alberto Youssef, de Londrina, norte do Paraná, que foi detido em um hotel no Maranhão.
De acordo com a PF, o prédio do hotel Blue Tree, em Londrina, que pertence ao doleiro, foi sequestrado pela Justiça, embora as operações do estabelecimento continuem normalmente.
Buscas também foram feitas em duas residências dele, em Londrina e em São Paulo. Na capital paulista está localizada a sede de uma empresa de Youssef, também alvo da operação.
Em 2004, o doleiro foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por crimes contra o sistema financeiro nacional e condenado a sete anos em regime semiaberto e ao pagamento de uma multa equivalente a 9.568 salários mínimos. Então proprietário da empresa Youssef Câmbio e Turismo, ele havia sido indiciado por crimes contra a ordem tributária e contra o sistema financeiro (evasão de divisas, manutenção de contas ilegais no exterior e falsa identidade para a realização de operações de câmbio), formação de quadrilha e falsidade ideológica.
De acordo com as investigações, o doleiro sonegou cerca de R$ 118 milhões em impostos (valor atualizado para 2004), entre 1996 e 1999. Além disso, movimentou cerca de R$ 3,3 milhões em uma conta de sua cunhada no Banestado de Nova York.
O esquema
Segundo a PF, que batizou a operação de “Lava Jato” porque um dos envolvidos usava uma lavanderia e um posto de combustível como fachada, o esquema realizou movimentações atípicas que somam R$ 10 bilhões, lavando dinheiro para pessoas físicas e jurídicas ligadas a crimes como tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos, entre outros.
De acordo com a PF, eram três etapas. Na primeira, as organizações criminosas de diversos segmentos, como tráfico de drogas, contrabando de pedras preciosas, corrupção e desvio de recursos públicos, procuravam doleiros para ‘lavar o dinheiro’.
Na segunda, os doleiros, localizados em Estados como São Paulo, Paraná e no Distrito Federal, utilizavam empresas de fachada na China e Hong Kong para simular operações de importação e exportação e enviar o dinheiro para fora do país, o que dava uma aparência de legalidade às transações.
A terceira e última etapa começava depois que o dinheiro chegava à China. Os recursos eram reenviados aos criminosos por meio de transferências para contas no exterior ou mesmo no Brasil.
A PF informou que no caso das quadrilhas envolvidas com o tráfico internacional de drogas, as remessas ilegais eram utilizadas para comprar drogas fora do país.
Os mandados de prisão foram emitidos pela Justiça Federal do Paraná. A operação envolve 400 policiais nas cidades de Curitiba, São José dos Pinhais, Londrina e Foz do Iguaçu, no Paraná; São Paulo, Mairiporã, Votuporanga, Vinhedo, Assis e Indaiatuba, no Estado de São Paulo; em Brasília e em cidades-satélite do Distrito Federal; Porto Alegre (RS); Balneário Camboriú (SC); Rio de Janeiro (RJ); e Cuiabá (MT).
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