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Polícia encontra pornografia infantil em PC de acusado de torturar enteada

Cristina Camargo

Do UOL, em Bauru (SP)

02/10/2014 18h42

A Polícia Civil de Araçatuba (SP) encontrou imagens de pornografia infantil no notebook do empresário Maurício Moraes Scaranello, 35 anos, acusado de torturar física e psicologicamente a enteada de três anos junto com a mãe da criança, Sara de Andrade Ferreira, 21.

“A menina não aparece apenas sem roupa. Há imagens em que ela está em poses eróticas e dançando sensualmente”, informou a delegada Luciana Pistori, da Delegacia de Defesa da Mulher.

Scaranello e Sara foram indiciados pela polícia por prática de tortura e armazenamento de pornografia infantil. Ele está preso desde o final de semana. A mãe da menina está solta, mas perdeu temporariamente a guarda da criança, encaminhada na nesta quinta-feira (2) para um abrigo provisório.

Nos primeiros vídeos gravados pelo celular do empresário e encontrados pela polícia, a menina aparece sendo induzida a comer uma cebola e impedida de dormir apesar de aparentar estar com muito sono.

O empresário não deixa a criança deitar e chega a dar um susto quando ela fecha os olhos. Ele também registra a menina mordendo uma cebola

“É gostosa a maçã? Morde pra mostrar pra mamãe. É ruim? Não gostou? É cebola. Dá mais uma mordidinha”, ele diz. 

Os novos vídeos analisados pela polícia também mostram a criança submetida a sessões de tortura física e psicológica. Segundo a polícia, a mãe aparece ao lado do empresário e, em alguns casos, segurando a câmera para filmar.

O conteúdo desses novos vídeos não será divulgado por determinação judicial.

Além disso, laudo do IML (Instituto Médico Legal) aponta que queimaduras encontradas no corpo da criança foram causadas por cola de forte aderência.  O laudo mostra ainda que a criança não foi vítima de estupro.

O inquérito policial deve ser concluído nesta sexta-feira (3). A polícia aguarda apenas laudos da perícia feita no computador do empresário.

A mãe da criança vive com Scaranello há um ano e meio. Eles moram numa casa localizada em condomínio de luxo em Araçatuba. Foi na casa que o empresário foi preso após a polícia receber denúncia sobre a prática de tortura.

No local, a menina foi encontrada num quarto, sozinha e pediu colo assim que viu os policiais entrarem.

Ele trabalha no setor de móveis planejados e tem o apelido de “Boizão”.

Advogado diz que vídeos são “brincadeira infeliz”

O advogado do casal, William Paula de Souza, admitiu no início da semana que os vídeos são mesmo do empresário, mas afirmou que tudo não passou de uma brincadeira infeliz.

“Hoje em dia tudo é gravado, tudo é fotografado. É a mania das pessoas”, disse em entrevista ao UOL. “É uma brincadeira infeliz, mas tortura, jamais”.

Sobre as queimaduras provocadas por cola, a alegação da defesa é que a criança sofreu um acidente doméstico e foi levada ao hospital.

O advogado não retornou as ligações nesta quinta-feira (2) para falar sobre as novas informações divulgadas pela polícia.