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Manutenção pode deixar Rio e região metropolitana sem água no feriadão

Do UOL, no Rio

19/11/2014 06h00

Cerca de nove milhões de pessoas podem ficar sem abastecimento de água na capital fluminense e na região metropolitana do Rio de Janeiro durante o feriadão da Consciência Negra, entre a quinta-feira (20) e o fim de semana. Por conta da manutenção preventiva anunciada pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), a partir desta quarta (19), o funcionamento da ETA (Estação de Tratamento de Água) do Guandu será interrompido pelo prazo mínimo de 24 horas. Em algumas localidades, principalmente regiões mais altas, o restabelecimento poderá levar até três dias.

Além da capital, os municípios da Baixada Fluminense serão afetados. Procurada, a Cedae não soube informar com precisão quais cidades da Baixada Fluminense são abastecidas pelo Guandu. De acordo com o Censo 2010, constituem a região os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João de Meriti, Magé, Mesquita, Nilópolis, Queimados, Japeri, Guapimirim e Paracambi. Juntos, representam um contingente populacional de mais de três milhões de pessoas.

Ao fim da manutenção, o sistema será religado e a normalização do serviço deve ocorrer de forma gradual, segundo a previsão da Cedae. A companhia preparou um esquema especial para atender hospitais e outros órgãos de atendimento essencial, com carros-pipa no período em que a estação estiver inoperante.

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Na versão da companhia, a manutenção já vinha sendo planejada há meses e tem o objetivo de preparar as principais estações do sistema do Guandu para o verão, quando o consumo de água aumenta. Segundo a empresa, não há uma relação direta com a seca que atinge a região Sudeste e que levou o rio Paraíba do Sul --principal fonte de captação de água do Guandu-- ao seu menor nível histórico (5%).

A partir de hoje, pelo menos 3.000 funcionários da Cedae estarão mobilizados em diversos pontos da região metropolitana. Os técnicos farão uma vistoria nos reservatórios e canais de água filtrada da estação de tratamento e nas adutoras e elevatórias que compõem o sistema. De acordo com a empresa, construída em 1955, a ETA do Guandu é a maior estação do Estado do Rio em volume de água tratada (43 mil litros por segundo).

Inicialmente, o trabalho de manutenção estava marcado para começar na manhã terça-feira (18). No entanto, a Cedae optou pelo adiamento de 24 horas para que, paralelamente, possa fazer a interligação da primeira etapa da nova adutora que vai melhorar o abastecimento na zona oeste do Rio (Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes). Se fosse realizado mais adiante, este serviço exigiria uma nova paralisação durante o verão.

Racionamento informal

Na Baixada Fluminense, região que será afetada pela manutenção no sistema do Guandu, a falta d'água é um problema de longa data. Na casa de Elisabete Maria de Melo, 54, a água tem dia marcado para faltar: terça e sábado. A comerciante mora em São João do Meriti, cidade de 460 mil habitantes a cerca de 30 quilômetros do Rio, e diz que o "racionamento informal" é praxe no bairro Parque Analândia desde antes dela mudar para lá, há 29 anos. Sem abastecimento regular, ela e os vizinhos acabaram por adotar uma prática comum ao semiárido brasileiro: a construção de cisternas para captar água.

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A Cedae informou que algumas regiões da Baixada têm "abastecimento intermitente", realizado apenas alguns dias da semana, mas negou a existência de racionamento na região. "(...) são regiões que, historicamente, sofrem com abastecimento irregular, principalmente, durante o verão, período de maior consumo", informou a companhia.

Para a Cedae, isso ocorre porque muitos locais não têm rede ou têm redes muito antigas. "Para que todos tenham água da mesma forma ou de uma forma razoável, algumas ruas não são abastecidas todos os dias ou o dia inteiro", afirmou a empresa, que diz que o governo pretende universalizar o acesso a água na região nos próximos três anos. Segundo o dicionário Houaiss, no entanto, esta é justamente a definição de racionamento: "distribuição ou venda controlada de certos víveres ou bens carentes, determinada pelas autoridades governamentais para assegurar uma distribuição mais justa entre os consumidores ou usuários".

Paraíba do Sul em situação crítica

nível do reservatório equivalente (que representa a média dos níveis das diferentes represas) do rio Paraíba do Sul está atualmente em 5%, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas) --em novembro do ano passado, este número beirava os 50%. Na semana passada, a prefeitura de São João da Barra, no norte fluminense, decretou situação de emergência por causa da estiagem e da seca.

O rio está bem abaixo do normal, o que favorece o avanço do mar e salinização da água na região. Com isso, o abastecimento local foi interrompido diversas vezes. Principal fonte de abastecimento da cidade do Rio de Janeiro e da região metropolitana, a água do Paraíba do Sul abastece, no total, cerca de 9,5 milhões de pessoas no Estado.

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