Sem água, lanchonetes da zona oeste de SP abrem mão até do cafezinho
A falta de água em São Paulo (SP) não poupou nem um hábito bem brasileiro: o cafezinho. “Não tem café porque não tem água”, é isso que os clientes ouviram ao chegarem à cafeteria Grão Espresso, no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, durante dois dias seguidos. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) informou que a redução da pressão da água no bairro acontece entre às 13h e 6h.
A lanchonete deixou de oferecer o principal item de seu cardápio porque as torneiras estavam secas na quarta-feira (28) e na quinta-feira (29). Sem a água da rua, que abastece a máquina de café expresso, onde é devidamente filtrada, não há como servir a bebida, nem vaporizar o leite.
Na quinta-feira (29), os funcionários do Grão Espresso fecharam as portas às 15h30 em vez das 19h, como o habitual, porque não tinha como servir salgados e doces na estufa refrigerada, que não tinha água para formar o gelo, e suspenderam o almoço para evitar acúmulo de louça.
Os cappuccinos cremosos foram servidos em copos plásticos, e o banheiro foi desativado.
“Já estou com um prejuízo de R$ 3.000 por dia. Se continuar assim terei de colocar uma caixa d'água extra e cortar funcionários”, disse a proprietária Misako Yasu, que estuda colocar uma caixa d’água a mais na loja.
Na sexta-feira (30), com a água que vem da rua entrando pelas torneiras, a loja conseguiu voltar a servir o café expresso aos clientes.
Café da manhã sem café
“Café aqui o dia todo só de coador. Não consigo usar a máquina para fazer café espresso antes das 11h e depois das 15h30”, diz Jaderson Alberto, 28, gerente da lanchonete Nova Pinheiros.
O novo lema da lanchonete é “economizar o máximo de água possível”. Para isso, seus funcionários evitam utilizar a água da caixa d’água durante o dia para poder lavar a louça acumulada à noite. O uso da descarga nos banheiros também foi reduzido. "Damos descarga de meia em meia hora", diz Alberto.
O café expresso também tornou-se item raro na lanchonete Castelo de Viana, em Pinheiros, que vive com o racionamento há pelo menos um mês.
“É difícil servir café expresso depois das 19h e antes das 8h porque não tem água”, afirma o gerente José Márcio Araújo, 28.
Para não deixar de oferecer outras bebidas e quitutes, a lanchonete já investiu na terceira caixa d´água, que totalizam um volume de 3.000 litros disponíveis.
“É melhor comprar caixa reserva do que ter que ficar pedindo um carro-pipa por semana, que é muito mais caro”, diz Araújo.
Troca de hidrômetro
Diego Gonzales, proprietário do Sofá Café, no mesmo bairro, diz ter se preparado para servir cafés por alguns dias porque sua máquina de espresso está acoplada a um reservatório próprio, até sentir uma forte redução da pressão da água logo que seu hidrômetro foi trocado pela Sabesp.
A troca foi realizada na quinta-feira (29), por volta das 13h, horário de maior movimento da cafeteria. Gonzales diz ter sido surpreendido pela visita dos agentes da Sabesp, pois não havia solicitado o serviço.
“Eles chegaram aqui no horário mais cheio, trocaram o hidrômetro em cinco minutos, pediram para eu assinar um papel e foram embora. Nunca fomos comunicados de nada e eu não pedi esse serviço. Depois disso, a pressão da água caiu muito e vários equipamentos pararam de funcionar”, diz Gonzales.
Desde os primeiros indícios da crise hídrica, o Sofá Café começou a oferecer desconto para quem chegasse com seu próprio copo, e reduziu o preço das canecas vendidas. Por isso, Gonzales diz ter achado o gesto da Sabesp "desleal".
“Eu não gosto deste tipo de coisa porque estamos fazendo a nossa parte. Isso é desleal. Não dá nem mais vontade de pagar a conta de água”, diz.
Procurada pelo UOL, a Sabesp não respondeu até o fechamento do texto.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.