Assustadas, moradoras de prédio que explodiu no Rio correram de roupão

Moradoras do prédio que explodiu na manhã desta segunda-feira (18), em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro, deixaram seus apartamentos “de roupão e tudo”.

O relato é da comerciante Renata Mesquita, 38, que disse “não ter tido tempo para pensar em nada”. “Eu estava de camisola, dormindo, quando tudo aconteceu. Foi um susto muito grande”, declarou.

“A primeira coisa que vi pela frente foi o roupão, que estava atrás da porta do quarto. Desci de roupão e tudo.”

A explosão --que ocorreu no décimo andar do edifício-- deixou duas pessoas feridas, das quais uma em estado grave. Técnicos da Defesa Civil do município ainda estavam no local avaliando se houve dano estrutural por volta das 12h30.

“Foi uma explosão muito forte, estrondosa, parecia que o prédio estava desabando. (...) Todo mundo correu. A escada ficou congestionada. Total clima de pânico e desespero. A cada andar, era uma surpresa, pois não sabíamos o que tinha acontecido. Ninguém sabia o que encontraria no andar de baixo”, afirmou Renata, que mora no sétimo andar.

A professora Rosinete Rocha Dias, 49, também estava de camisola no momento em que foi acordada pelo impacto da explosão.

Assustada e sem saber o que fazer, ela colocou um roupão por cima da roupa que estava usando e desceu. “Meu marido ainda falou: ‘Troca de roupa!’ Eu falei que não trocaria porque não dava tempo. Peguei o roupão e joguei por cima”, relatou a moradora, que tem dificuldade para se locomover em razão de uma trombose.

“Consegui descer as escadas com alguma dificuldade, mas sem aperto. Vim no meu ritmo, devagar”, completou.

Reencontro com gato

A estudante Aline Aguiar, 13, sentiu na pele o desespero de sua pequena gata, que ficou presa no apartamento por horas até que fosse resgatada por um bombeiro.

“Logo depois que eu acordei, minha mãe falou para eu descer. Quando cheguei aqui em baixo, lembrei que ela [a gata] tinha ficado lá em cima, escondida. Eu até tentei voltar, mas os bombeiros não deixavam mais subir”, contou a adolescente.

A agonia durou até 11h, aproximadamente, quando o animal foi finalmente resgatado. “Quando ela me viu, ela meio que se pendurou em mim e acabou me arranhando”, disse. A menina teve que ir a um posto de saúde da região para tomar vacina.

Teto destruído

O advogado João Pedro Rezende, 25, relatou que, logo após acordar com o barulho da explosão, observou que o teto do seu quarto “estava destruído”, com marcas de rachaduras.

“A gente já estava habituado com a rotina de explosões da obra do metrô [referindo-se às obras de construção da linha 4, que passam pelo bairro], mas nada parecido com o que aconteceu hoje. Foi algo muito atípico. A janela do meu quarto, no sétimo andar, simplesmente explodiu com o impacto. Foi uma coisa meio sinistra”, relatou.

Rezende contou ainda ter sido um dos primeiros moradores a chegar à rua, após descer as escadas em fuga. “Liguei para o Corpo de Bombeiros na mesma hora. Eles disseram que já tinham recebido uma informação, mas estava errada, pois eles achavam que era alguma coisa na obra do metrô. Eu dei o endereço aqui do prédio e, menos de dez minutos depois, eles chegaram”, explicou o advogado.

Já a arquiteta Elizabeth Rego Monteiro, 60, que mora no edifício há 17 anos, contou que a janela do quarto “foi parar em cima da cama”.

“Eu fui até a sala para olhar pela outra janela da casa. Foi quando eu vi que a porta da casa tinha sido arrancada. Tinha muito vidro espalhado pelo chão”, disse ela, que reside no 13º andar --três acima do pavimento onde ocorreu a explosão.

“A nossa escada de incêndio é bem fechada. As pessoas foram descendo e batendo na porta dos apartamentos de baixo, para que as outras pessoas saíssem também.”