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"Para minha alegria, as minhas maritacas estavam vivas", comemora morador

Jaci Geraldo de Souza, 35, perdeu quase tudo. Sobraram apenas uma garrafa de álcool e suas duas maritacas de estimação - Rayder Bragon
Jaci Geraldo de Souza, 35, perdeu quase tudo. Sobraram apenas uma garrafa de álcool e suas duas maritacas de estimação Imagem: Rayder Bragon

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Mariana (MG)

08/11/2015 12h53

O lavrador Jaci Geraldo de Souza, 35, perdeu quase tudo. De valor, sobraram apenas uma televisão cheia de lama e suas duas maritacas de estimação. Sua casa, situada no distrito de Paracatu de Baixo, em Mariana (MG), foi totalmente invadida pela lama após o rompimento das barragens da empresa Samarco, que provocou uma onda de rejeito de minério de ferro na tarde da última quinta-feira (5).

“Não sobrou nada. Eu estou alojado em Mariana e voltei aqui hoje -- sábado (7) -- e, para minha alegria, as minhas maritacas estavam vivas”, disse o homem, que carregava as aves empoleiradas em um pedaço de pau.

Segundo ele, no dia do rompimento, ele só teve tempo de deixar a casa, onde morava sozinho. O lavrador relatou que as maritacas estavam famintas, mas em boas condições de saúde.

“Não sei como elas sobreviveram, as minhas “cocotinhas”, mas agora eu vou deixar elas na casa de um colega meu”, afirmou.

Conforme ele, os bichinhos de estimação foram encontrados empoleirados em uma árvore próxima à sua casa. Souza conta que teve que fazer uma picada na mata pater acesso à sua casa. A via vicinal que ele utilizava está bloqueada por muita lama.

“Elas não sabem comer sozinhas, são crianças ainda. Da minha casa, não sobrou nada, não tenho nada, mas graças a Deus consegui pegar as duas”, salientou.

Um vizinho dele carregava, enrolado em um saco plástico,  um aparelho de som de Souza e foi parar em um descampado a vários metros de onde morava. O lavrador disse que o equipamento, além das maritacas e de uma garrafa contendo álcool, foi o que ele conseguiu recuperar.

“São coisas simples, mas são minhas. Estou levando para a casa dele”, afirmou.

O homem disse que não vai voltar enquanto a situação não se normalizar. Ele disse não temer saques.

“Saques? A minha casa não tem nada. Os ladrões vão levar o quê?”, disse.

Souza afirmou que ainda não sabe quando o acesso principal será liberado e disse que ninguém o informou sobre essa possibilidade. Ele está alojado em um hotel no centro de Mariana.  

Neste sábado (7), uma retroescavadeira retirava grande quantidade de lama da estrada vicinal, mas ninguém que trabalhava no local soube informar quando a via será liberada. A máquina, segundo os funcionários, estava a serviço da Samarco.

Vídeo mostra rompimento de barragem e desespero

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