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Ministro quer rever acordo de governos e mineradoras para recuperar rio Doce

Detalhe de casa atingido pela lama do rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG) - Carlos Eduardo Cherem/UOL
Detalhe de casa atingido pela lama do rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG) Imagem: Carlos Eduardo Cherem/UOL

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

16/05/2016 19h17

O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, disse nesta segunda-feira (16), em Belo Horizonte, que vai rever pontos do acordo fechado entre os governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo, e as mineradoras Samarco, Vale e BHP, que prevê investimentos de R$ 20 bilhões para ações de ressarcimento dos danos ambientais e de recuperação da bacia do rio Doce, duramente atingida pela lama que se seguiu após o rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG), em novembro do ano passado.

O acordo está sendo questionado na Justiça pelo MPF (Ministério Público Federal), que demanda ressarcimentos da ordem de R$ 155 bilhões, oito vezes o valor estipulado na combinação entre governos e mineradoras.

Após encontro com o governador Fernando Pimentel (PT), um dos patrocinadores do acordo, e deputados do Estado, no Palácio da Liberdade, Sarney Filho criticou o documento, mas disse que não pretende pedir a sua anulação.

O ministro, porém, admite que alguns pontos deverão ser revistos, para possibilitar maior participação da população, sobretudo dos atingidos pela tragédia que matou 19 pessoas e atingiu dezenas de municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.

“Mexer na essência do processo, após a homologação da Justiça, poderia gerar insegurança jurídica, trazendo mais prejuízos aos atingidos”, disse Sarney Filho. O ministro agendou uma reunião para 31 de maio, em Brasília, e convidou lideranças comunitárias da região de Mariana, onde esteve na manhã desta segunda-feira (16), para sobrevoar a área atingida.

No encontro com Pimentel, Sarney Filho entregou ao governador o relatório final da Comissão Externa da Câmara dos Deputados, que presidiu antes de assumir o ministério na semana passada, para apurar a tragédia de Mariana. No documento, o ministro elenca uma série de dispositivos voltados para a defesa de eventuais danos ao meio ambiente causados pela mineração.

A Samarco disse que não vai comentar o assunto.
 
A BHP Billinton, por meio de sua assessoria, informou que o acordo prevê a criação de uma fundação, que será responsável pelos estudos técnicos e decisões sobre as iniciativas que serão tomadas para recuperação do dano ambiental, sobretudo da bacia do rio Doce. A assessoria lembra que o acordo não está "engessado", possibilitando que essas medidas sejam debatidas e decididas por todos os segmentos envolvidos.
 
Até a publicação dessa matéria, os governos de Minas Gerais, do Espírito Santo e da Vale não haviam comentado a fala do ministro.
 
 

O caminho de destruição da onda de lama da Samarco

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