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Hoje invasores, policiais já reprimiram dez ocupações na Câmara e na Alerj

30.mar.2016 - Os manifestantes foram acompanhar votação de projeto de lei que modifica o regime previdenciário dos servidores do Estado e entraram em confronto com seguranças da Alerj - Maíra Coelho/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
30.mar.2016 - Os manifestantes foram acompanhar votação de projeto de lei que modifica o regime previdenciário dos servidores do Estado e entraram em confronto com seguranças da Alerj Imagem: Maíra Coelho/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Alfredo Mergulhão

Colaboração para o UOL, no Rio

08/11/2016 20h42

Participante da invasão à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) nesta terça-feira (8), a categoria dos policiais civis e militares já atuou na repressão de pelo menos dez tentativas de ocupação da Casa e da Câmara Municipal desde 2013. Em todas as ocasiões, houve uso da força, com spray de pimenta ou balas de borracha.

Manifestantes tentaram invadir a Alerj seis vezes neste período. A sede do Legislativo municipal, por sua vez, foi alvo em quatro oportunidades. Os protestos com tentativa de ocupação das duas casas foram motivados pelo aumento das passagens de ônibus e por insatisfação com projetos em votação, como planos de cargos e salários e leis orçamentárias.

protesto 17 junho - Fabio Teixeira/UOL - Fabio Teixeira/UOL
O protesto de 17 de junho de 2013 reuniu cerca de 100 mil pessoas
Imagem: Fabio Teixeira/UOL

A ação mais violenta ocorreu na noite de 17 de junho de 2013, durante protesto contra o aumento das passagens de ônibus. O ato reuniu 100 mil pessoas e um grupo de mascarados tentou invadir a Alerj. A repressão contou com auxílio do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

protesto 18 junho - Nelson Almeida/AFP - Nelson Almeida/AFP
Salão de entrada da Alerj ficou depredado após a tentativa de invasão da Casa em 19 de junho de 2013
Imagem: Nelson Almeida/AFP

Dois dias depois, outra manifestação acabou em confusão na frente do Palácio Tiradentes, sede da Alerj. Novamente, mascarados que protestavam contra a alta da tarifa do transporte coletivo tentaram entrar no prédio. Eles foram dispersos pelo Batalhão de Choque, que utilizou spray de pimenta.

Nesta terça, a mesma tropa de choque chegou a ser acionada pela administração da Alerj em uma tentativa de impedir a invasão do prédio, mas não chegou a atuar na segurança do edifício.

protesto 31 julho - Antonio Lacerda/Efe - Antonio Lacerda/Efe
Policiais chegaram a ser atingidos por tinta jogada por manifestantes que invadiram e ocuparam temporariamente a Câmara em julho
Imagem: Antonio Lacerda/Efe

No mês seguinte, no dia 31 de julho, foi a vez da Câmara Municipal do Rio ser invadida por manifestantes. O Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara, chegou a ser ocupado por um grupo de aproximadamente 20 pessoas.

Os policiais conseguiram bloquear a entrada dos demais manifestantes e desocupar o plenário. Do lado de fora do palácio, houve tumulto e forte repressão policial.

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Policiais detiveram manifestantes na Cinelândia, em frente à Câmara
Imagem: Pedro Teixeira / Agência O Globo

As duas casas legislativas foram alvo de protestos novamente em 8 de agosto de 2013. Os manifestantes saíram da Candelária, no centro do Rio, e caminharam em direção à Alerj, onde um grupo tinha invadido o plenário.

Eles foram contidos pela polícia e partiram rumo à Câmara, para cobrar avanços na CPI dos Ônibus. O protesto foi disperso pelo Batalhão de Choque, com uso de bombas de gás. Mesmo assim, 16 manifestantes passaram a noite dentro da Câmara.

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Manifestantes espalharam lixo em rua nos arredores da Câmara após confronto com policiais
Imagem: Gustavo Maia/UOL

Na noite de 28 de agosto de 2013, policiais arrombaram as portas da Câmara para retirar à força professores que ocuparam o plenário em protesto contra o Plano de Cargos e Salários. Os docentes estavam no local desde o dia 26 do mesmo mês.

Os agentes usaram gás de pimenta na ação, e 20 professores tiveram que ser levados ao Hospital Municipal Souza Aguiar para serem atendidos.

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Protesto de professores foi reprimido com bombas de gás lacrimogêneo e agressões
Imagem: Pablo Jacob/Agência O Globo

Os professores também encontraram a Câmara cercada por policiais no dia 1º de outubro de 2013, data em que estava prevista a votação do Plano de Cargos e Salários. Os agentes visavam impedir que o Legislativo municipal fosse novamente ocupado.

Durante o protesto, os policiais atiraram bombas de gás e bateram nos professores com cassetetes.

Com o Estado já enfrentando grave crise financeira, os servidores estaduais tentaram invadir a Alerj em dezembro do ano passado, quando os deputados votariam a Lei Orçamentária deste ano. O principal motivo do protesto era o atraso no pagamento do 13º salário.

Assim que o projeto foi aprovado, manifestantes tentaram acessar o plenário e foram reprimidos com spray de pimenta.

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Servidores públicos e seguranças entraram em confronto em frente à porta da Alerj
Imagem: Maíra Coelho/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Durante a greve dos professores, em março deste ano, houve uma nova tentativa de invasão da Alerj, também reprimida por policiais. O ato era contra proposta que previa mudanças no regime de previdência do Estado.

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Professores e secundaristas fizeram protesto na Alerj contra o atraso dos pagamentos de salários no Estado
Imagem: Ellan Lustosa/Agência O Globo

Em 19 de julho deste ano, os servidores estaduais tentaram invadir o plenário da Alerj em protesto contra a votação de mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano. O Batalhão de Choque foi chamado para retirar os servidores e a sessão foi suspensa.

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Imagem: Coelho/Estadão Conteúdo

Nesta terça-feira, manifestantes ocuparam a Alerj por mais de três horas. O protesto era contra o pacote de austeridade do governo estadual anunciado na última sexta-feira (4). Entre as medidas está a proposta de corte de 30% dos salários dos servidores, entre ativos, aposentados e pensionistas.

Questionada sobre a participação de policiais civis na invasão da Alerj nesta terça-feira (8), a corporação informou que foi instaurado um procedimento na 1ª Delegacia de Polícia (Praça Mauá) para investigar crime de dano ao patrimônio público ocorrido durante o ato.

A Polícia Militar enviou um comunicado no qual afirma que após a entrada dos servidores, “o Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos entrou pela porta dos fundos e permaneceu no local até a saída dos manifestantes”. Os ocupantes deixaram o local cumprimentando o comandante do batalhão, coronel Rodrigo Sanglar.