Moradores da Baixada Santista relatam noite de desespero com chuvas
Resumo da notícia
- Alagamentos constantes e medo de desmoronamentos fazem famílias pensarem em mudanças
- Medo de deslizamentos e vizinhos soterrados fazem famílias procurarem novos abrigos
As fortes chuvas que caíram esta madrugada na Baixada Santista deixaram ao menos 18 mortos e 30 desaparecidos, segundo informações dos bombeiros divulgadas até a noite de hoje. Moradores relataram ao UOL momentos de desespero ao ver a casa inundar e o morro desmoronar.
Fernanda Mendes, estudante da Unifesp de Santos, contou ter vivido momentos de desespero quando viu sua casa encher em Japuí, na ilha de São Vicente. A família perdeu móveis e pensa em procurar outro lugar para morar depois do transtorno.
"Ontem, começou a encher por volta das 23h e não parou. Estabilizou por volta de 3h da madrugada e, então, começou a esvaziar, mas só conseguimos tirar toda água de casa às 6h da manhã", contou. Segundo ela, mesmo quando a casa esvaziou, a rua continuava alagada.
"Foi muito desespero. Perdemos o guarda-roupa, a estante e os colchões. O sofá molhou também. Conseguimos salvar a geladeira."
Com medo de voltar a encher a casa, a família colocou a geladeira em cima de blocos de concreto para não molhar o motor. "O guarda-roupa já desmontamos e vamos jogar fora, porque ele cedeu totalmente. A estante meu pai conseguiu dar apoio com bloco no lado que ela cedeu e vai ficar assim por enquanto."
A casa onde ela mora com o pai e o irmão é alugada, e eles já pensam em buscar outro lugar para morar. É a segunda vez que a casa alaga, a primeira foi no dia 10 de fevereiro.
Alojada em casa de parentes
A pedagoga Marta Pereira Batista, é moradora do morro Santa Maria, em Santos, onde houve deslizamentos e os bombeiros retiraram um morador de uma casa atingida. Ela conta que decidiu sair de casa com o filho por medo de novos deslizamentos e só deve voltar quando a situação estabilizar.
"Foi durante a noite, já passava da meia-noite, tinha muita chuva e muito vento. De repente, ouvi um estrondo muito alto. Acordei com o barulho, saí na janela para ver se via algo de diferente, mas só vi a rua um pouco alagada", conta.
"Hoje pela manhã levantei para ir para o trabalho e me deparei com os escombros, duas casas totalmente destruídas e muito barro".
Ela tentou sair para trabalhar hoje pela manhã, mas os ônibus estavam demorando para passar por causa das chuvas. Perto das 8h da manhã, sua chefe avisou que o expediente estava cancelado.
O fato de precisar trabalhar amanhã e deixar o filho de 13 anos em casa a fez buscar um lugar mais seguro. "A gente pensa que a casa da gente não vai cair, não vai desmoronar, mas meus familiares — minhas irmãs e meu pai — pediram para eu não contar com a sorte". Ela e o filho Lucas Eduardo foram para a casa desses parentes em São Vicente.
"Os planos agora são esperar a chuva parar por pelo menos uma semana para voltar pra casa. Tenho um filho e preciso deixá-lo em segurança quando saio para trabalhar. Com esse tempo chuvoso ou sem estar estável, não dá para voltar para a casa e arriscar a nossa segurança."
Ela conta que vizinhos ficaram presos em escombros, mas receberam ajuda de conhecidos. "Graças a Deus eles conseguiram sair mesmo com os escombros e o barro", comemora.
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