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Teste de DNA conclui que 'Clarinha' não é criança desaparecida em 1976

Tenente coronel Jorge Potratz cuida da paciente Clarinha, que está há 20 anos em coma no hospital da Polícia Militar em Vitória, ES - Divulgação
Tenente coronel Jorge Potratz cuida da paciente Clarinha, que está há 20 anos em coma no hospital da Polícia Militar em Vitória, ES Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

05/08/2021 19h50Atualizada em 05/08/2021 19h54

Um novo teste de DNA de "Clarinha", mulher internada há 21 anos em um hospital de Vitória, no Espírito Santo, concluiu que ela não é a criança desaparecida em 1976 em Guarapari, a 55 km da capital.

O resultado foi confirmado hoje pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), terra natal da família da menina desaparecida, identificada como Cecília, que sumiu durante férias com os pais no estado vizinho, quando tinha apenas 1 ano e 9 meses.

Em nota ao UOL, a PCMG explicou que, na verdade, o resultado negativo já havia sido confirmado pela primeira vez em 2015. Isso porque as amostras biológicas dos pais da criança desaparecida em 1976 já estavam no Banco de Dados de Perfis Genéticos da corporação desde fevereiro de 2013.

Enquanto isso, a amostra biológica da paciente internada no Espírito Santo foi processada pelo Laboratório de DNA Criminal capixaba e inserida no Banco de Dados de Perfis Genéticos em novembro de 2015.

Como Minas Gerais e Espírito Santo são integrantes da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, ambos podem fazer um confronto de suas respectivas inserções com amostras de qualquer estado que integre os Laboratórios de DNA Forense e, caso a paciente fosse filha do casal mineiro, a informação teria sido confirmada há quase 6 anos.

Mas apesar disso, foi feito o novo teste, confirmando a incompatibilidade entre os perfis do casal de Minas Gerais e da paciente.

"A PCMG esclarece que, na época dos fatos, tomou as providências cabíveis (divulgação das imagens da criança e seus familiares, inclusive da fotografia envelhecida da desaparecida, contato com as redes da assistência social e da saúde em busca de informações sobre o paradeiro da desaparecida) e a mídia nacional deu ampla divulgação ao caso. Em virtude disso, esta Polícia Civil recebeu informações de mulheres que poderiam ser a desaparecida em questão, porém, após confronto do material genético dessas mulheres com o material genético dos genitores todas as possibilidades foram descartadas", concluiu a nota da corporação.

Caso Clarinha

"Clarinha" chegou ao HPM em 2000 após ter sido atropelada por um ônibus no Centro de Vitória. Segundo o MPES, testemunhas afirmaram que ela estava fugindo de um perseguidor, que também não foi identificado.

A mulher foi levada para o antigo Hospital São Lucas, onde passou por diversas cirurgias, mas seu cérebro foi afetado, impedindo que ela retornasse de um coma profundo.

O hospital não identificou a vítima, já que estava sem documentos e com as digitais desgastadas e, por isso, ela ganhou o nome de Clarinha dos funcionários do hospital.

Na época, buscou-se encontrar algum conhecido entre as testemunhas do acidente, mas ninguém tinha informações da paciente. A vítima foi transferida para o HPM, onde permanece em tratamento.

O MPES passou a tratar do caso após uma demanda do HPM, que pediu apoio na identificação da paciente. Diversas tentativas de encontrar parentes da vítima foram realizadas ao longo dos anos.

Outros Ministérios Públicos chegaram a ser acionados para buscar informações em bancos de dados de pessoas desaparecidas, em delegacias e junto a registros da Polícia Federal.

Em 2016, uma reportagem exibida no "Fantástico" fez com que 102 pessoas procurassem o MPES na tentativa de identificar a mulher como uma possível desaparecida, segundo a instituição.

Desse total, 22 casos chamaram mais atenção, pelas fotos ou pela similaridade dos dados próximos ao perfil pretérito de "Clarinha".

"Depois de uma triagem mais detalhada, quatro casos foram descartados, devido à incompatibilidade de informações ou pelo fato de as pessoas procuradas já terem sido encontradas. O MPES dividiu as 18 pessoas restantes em dois grupos para a realização dos exames de DNA. No entanto, os resultados mostraram-se incompatíveis para traços familiares", disse a instituição.