Brasil teve 1 milhão de celulares roubados e furtados em 2022; alta de 16%
Um milhão de celulares foram roubados ou furtados no Brasil no ano passado — crescimento de 16,6% em relação aos registros de 2021. Os números fazem parte do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados hoje pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O que mostram os dados
Em média, 2.738 aparelhos foram levados por dia no Brasil, em 2022. Os registros de roubo e furto de celular totalizaram 999.223 ocorrências em todo o país no ano passado.
O número de roubos e furtos no ano passado retornou ao patamar de 2018 e 2019 — antes da pandemia de covid-19 e do isolamento social. Nesses dois anos, ocorreram respectivamente 995.343 e 1.053.433 subtrações.
Houve queda durante o período mais agudo da pandemia. Em 2020, 825.923 aparelhos foram subtraídos; em 2021, foram 852.991. "Quando as restrições de mobilidade e circulação diminuíram as interações entre as pessoas dificultaram 'crimes de oportunidade'", afirma Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os registros de roubo e furto de celulares totalizaram 4.726.913 casos entre 2018 e 2022.
Leia mais:
Brasileiros sofrem 208 golpes por hora; alta é de 37,9%
Polícia da BA passa a do RJ e é a que mais mata em intervenções no Brasil
Uma em cada sete escolas do Rio foi alvo de bala perdida, diz Anuário
38% das escolas brasileiras admitem problemas com bullying
Bahia tem 11 das 20 cidades com maiores taxas de homicídio; veja a lista
Casos de racismo crescem 67% em 1 ano, mesmo com estados ocultando dados
Furto ou roubo
Em 2022, foram roubados 508.335 celulares — enquanto 490.888 foram furtados. Entre 2018 e 2021, a média de roubos é de 56,5% do total de celulares subtraídos. Roubo é quando há violência ou grave ameaça contra a vítima; furto é sem violência.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberAs regiões com maior taxa de roubo de celulares por 100 mil habitantes são Amazonas, com 678,8; Distrito Federal com 470,5; e Pará, com 458,4.
Unidades da federação com maior taxa de furto dos aparelhos são Distrito Federal, com 537,8; São Paulo, com 387,3; e Amazonas, com 336,4.
O furto e o roubo de celular passaram a ser a porta para os demais crimes. O advento do Pix [em novembro de 2020] impulsionou essa tendência.
Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
O que explica o crescimento
A pandemia acelerou o acesso de pessoas aos serviços digitais. Segundo o presidente da Comissão de Privacidade e Proteção de Dados e Inteligência Artificial da OAB de São Paulo, Solano de Camargo, grande parte da população não precisa mais ir ao banco. "As pessoas carregam os bancos em suas mãos, nem mesmo o cartão de crédito usam mais."
Com a migração dos serviços físicos para o ambiente virtual, aumenta o número de grupos e criminosos que se especializam nessa modalidade. Segundo ele, esses grupos subtraem os aparelhos, os levam para laboratórios, roubam dados e comercializam as peças.
Bairros mais populosos e com moradores de maior poder aquisitivo são os alvos preferenciais desses grupos. "É onde estão os aparelhos mais modernos e valiosos. Em São Paulo, na região da avenida Paulista, há muitas ocorrências de roubo e furto de celular."
O fluxo ocorre da seguinte forma: o aparelho é levado por uma pessoa e rapidamente passado para outra. Muitas vezes, passa por ao menos três pessoas até que a vítima perca o objeto de vista. Depois, o celular vai para os chamados "laboratórios".
Nesses locais, os dados são acessados e a criptografia, quebrada. Nesse momento, podem ocorrer golpes de estelionato — quando os criminosos usam as redes sociais para pedir dinheiro ou anunciar falsos negócios, por exemplo. Depois, os aparelhos são vendidos — muitas vezes para países africanos — e reconectados a outras redes de telefonia.
Depois que acontece [o golpe] é praticamente impossível reaver o dinheiro. Para não cair em golpes, o ideal é verificar a procedência dos anúncios na internet, das mensagens recebidas nas redes sociais e evitar enviar fotos a desconhecidos.
Solano de Camargo, presidente da Comissão de Privacidade e Proteção de Dados e Inteligência Artificial da OAB-SP
Outros crimes podem ser impulsionados
O aumento no número de roubos e furtos de celulares pode impulsionar o estelionato. Esse tipo de crime registrou crescimento de 37,9% entre os anos de 2021 e 2022.
Para os pesquisadores, o total de crimes por meio de celulares tende a crescer. A mudança do ambiente físico para um ambiente "híbrido" (aumento do uso de serviços digitais) fez com que as pessoas passassem a utilizar cada vez mais serviços por aplicativos, segundo o pesquisador.
Para interromper essa curva é preciso combater a receptação dos aparelhos.
Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
O crime de estelionato consiste em obter para si ou para outra pessoa uma vantagem ilícita, na maioria das vezes, em dinheiro — está previsto no artigo 171 do Código Penal. Segundo Lima, os estelionatos por meio das redes sociais e aplicativos de mensagens tiveram um crescimento exponencial em vários países do mundo.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.